Nikki estava casada com Thomas há dois anos quando ele faleceu. A família dele afirma que o casamento não é válido de acordo com as leis do Texas, porque Nikki nasceu homem. O estado do Texas não reconhece casamentos homossexuais nem a identidade de género de quem faça a Cirurgia de Redesignação de Sexo (CRS).

Segundo o advogado da família, Thomas e Nikki ter-se-iam separado quando ele descobriu que ela tinha nascido homem. E ao desabafar com amigos, o bombeiro ter-se-ia mostrado "horrorizado e embaraçado", ainda segundo o mesmo.

De acordo com o processo, ele descobriu durante uma luta por custódia parental com a ex-mulher, o nome de baptismo de Nikki Araguz, com quem tinha casado em Agosto de 2008.

Ainda de acordo com o processo, em 1996 Nikki mudou o nome para Nikki Paige Purdue, embora não venha especificado quando ela se terá submetido à CRS.

Por sua vez, Nikki defende-se afirmando que o marido sempre soube da sua condição de transexual, e que ela nunca lhe escondeu nada, mesmo antes do casamento. "Sou cem por cento mulher", afirmou, acrescentando que estas pessoas "deveriam ter vergonha de tentarem denegrir o nosso casamento e o amor que eu e Thomas partilhámos".

Como prova, Nikki apresentou em tribunal emails trocados com Thomas com os detalhes da viagem feita a Trinidad, no Colorado, onde fez a cirurgia na clínica da Dra. Marci Bowers.

Entretanto, o juiz Randy Clapp acedeu em suspender temporariamente os dividendos que ela receberia após a morte do marido.

De acordo com o estado do Texas, o que determina o género de uma pessoa são três factores: as gónadas (Glândula sexual que produz os gâmetas e segrega as hormonas. O testículo é a gónada masculina e o ovário é a gónada feminina.), a genitália e os cromossomas determinados à nascença.

A comunidade transgénero de Houston, no Texas, está a apoiar Nikki neste mediático caso, estando mesmo a recolher donativos para a ajudar na batalha judicial.

Nota: Este caso poderá ter muita importância e repercussão futura nas pessoas transexuais, pois baseia-se num não reconhecimento do género real a que cada pessoa pertence pelo estado do Texas, mesmo depois de se submeter a uma CRS.