Na reunião do Conselho de Conferências Episcopais da Europa (CCEE), que arranca hoje em Fátima, os bispos europeus vão lamentar a ausência de referências à tradição católica no novo tratado da União Europeia (UE) e repudiar a “quase universalização” do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O encontro, que decorre até domingo, conta com a presença de representantes da Igreja Católica de 34 países. Embora os trabalhos decorram à porta fechada, sabe-se que o matrimónio, o ecumenismo e o processo de unificação europeia serão os temas centrais a debater neste encontro. Temendo que o casamento gay alastre a todos os países da UE (só a Polónia tem dado mostras de total oposição), os bispos querem marcar, de forma vincada, a oposição da Igreja Católica à união de pessoas do mesmo sexo.
“Os chefes de Estado e de governo dos países da UE deviam preocupar-se mais com a implementação de políticas de apoio à família e não na promoção do contrário”, disse ao CM um prelado presente no encontro, prevendo que, sobre este tema, o texto final possa ser “muito duro”.
No que toca ao Tratado Europeu, que deve ser aprovado em breve, os bispos lamentam que os governantes “não tenham tido a coragem de confessar que a Europa tem profundas raízes católicas”.
Antes do início dos trabalhos, os participantes vão encontrar-se com o primeiro-ministro, José Sócrates, que tem a presidência da União Europeia. O encontro está marcado para o Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa. Às 12h30, o cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo; o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga; e o presidente do CCEE, cardeal Peter Erdö, participam numa conferência de imprensa. A reunião começa pelas 17h00, em Fátima, na Casa de Nossa Senhora das Dores, sob a presidência do cardeal italiano Giovanni Battista Re, prefeito da Congregação dos Bispos.