João Paulo, do Portugal Gay, afirmou à agência Lusa que as sentenças constituem «motivo de vergonha para toda a sociedade portuguesa e sobretudo para o sistema judicial português».
«A minha primeira sensação é de que a vida humana parece não ter qualquer valor para estes senhores juízes, até porque não foi um assassinato qualquer, foi um crime precedido de três dias de torturas cruéis a uma pessoa que já estava extremamente debilitada pela SIDA, pela hepatite e pela fome», afirmou.
João Paulo fez votos para que «a família da Gisberta consiga o maior apoio possível para que possa processar o Estado português por omissão de justiça».
Sérgio Vitorino, do grupo Panteras Rosa, considerou que «o mais grave neste processo é que o tribunal - e por consequência, o Estado - não reconheceu sequer ter aqui existido um assassinato».
O responsável afirmou que o grupo Panteras Rosa vai promover uma campanha de denúncia internacional contra a justiça portuguesa.
«É que nem a dignidade desta pessoa - não importa se era transexual ou não - foi reconhecida», frisou.
O Tribunal de Família e Menores do Porto (TFMP) condenou hoje os 13 menores envolvidos nos maus-tratos ao transsexual Gisberta a penas entre os 11 e os 13 meses de internamento em centros educativos.
O tribunal dividiu a condenação em três grupos de menores, com penas diferenciadas.
Seis dos jovens levaram penas de 13 meses de internamento em regime semi-aberto em centro educativo por ofensas à integridade física na forma consumada e crimes de profanação de cadáver.
Outros cinco foram condenados só por ofensas à integridade física na forma consumada a penas de 11 meses de internamento em regime semi-aberto em centro educativo.
Os restantes dois rapazes foram condenados pelo crime de omissão de auxílio, à pena de medida cautelar de acompanhamento educativo por 12 meses.
O transsexual brasileiro Gisberto Salce Júnior, 46 anos - conhecido por Gisberta ou Gis - morreu na sequência de várias agressões e o seu corpo foi encontrado em Setembro submerso no fosso de um prédio inacabado, no Campo 24 de Agosto, Porto, depois de um dos jovens ter contado o sucedido a um professor.
Um perito médico-legal concluiu que o transsexual morreu vítima de afogamento e que as lesões que lhe foram alegadamente infligidas pelos menores não eram fatais.
[Veja mais notícias sobre este caso em: www.portugalgay.pt/politica/portugalgay71.asp ]
[Consulte os comunicados de imprensa em: www.portugalgay.pt/politica/portugalgay71a.asp ]