PortugalDiário
Quinta, 1 de Junho 2006
http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=690127&div_id=291
Transsexual: julgamento pode atrasar
por Cláudia Rosenbusch
Defesas querem novas perícias. Menores ilibam o rapaz mais velho
A defesa de alguns dos menores envolvidos na morte de uma transsexual, no Porto, vai pedir a realização de novos exames periciais à personalidade dos jovens, uma medida que pode atrasar o início do julgamento, previsto para Junho.
De acordo com informações recolhidas pelo PortugalDiário, alguns jovens têm igualmente recursos pendentes no Tribunal da Relação do Porto, em que invocam a nulidade dos depoimentos prestados na PJ, no dia em que foram detidos.
Entendem as defesas que estamos perante provas proibidas, uma vez que as declarações foram prestadas sem a presença de um representante legal ou de um advogado. Alegam, ainda, que a PJ fotografou os menores ilegalmente porque lhes foi dito que estavam ali na mera qualidade de testemunhas.
Fonte da PJ esclarece, no entanto, que a deslocação dos jovens às instalações da Judiciária foi concertada com o Tribunal de Menores, tendo sido cumpridos os formalismos legais, designadamente os jovens terão sido levados por um responsável da instituição que os acolhia.
Procurador pede internamento dos menores entre 10 a 15 meses
No requerimento em que solicita a abertura da fase jurisdicional, o equivalente à acusação em processo penal, o procurador do Tribunal de Família e Menores do Porto sugere a medida de internamento em centro educativo para os treze menores, variando apenas na sua duração. Para a maioria o magistrado pede 12 meses de internamento, mas em dois casos reduz esse período para dez meses. Em relação a três menores o procurador sugere o internamento por 15 meses, sendo estes os jovens que se remeteram ao silêncio durante o interrogatório no tribunal.
O procurador Rui Amorim considera que a conduta dos 13 jovens, entre os 13 e os 15 anos, pode ser enquadrada no crime de homicídio qualificado na forma tentada. Além disso, acrescenta que seis deles terão ainda praticado actos susceptíveis de integrar o crime de profanação de cadáver na forma tentada.
Mas o facto de serem todos menores de 16 anos impede-os de responder criminalmente. Em vez disso, serão julgados no Tribunal de Família e Menores e, em lugar de cumprirem pena de prisão, poderão ser internados em centros educativos.
Menores ilibam o colega mais velho
O 14º jovem envolvido no caso, chegou a estar em prisão preventiva durante três meses, tendo sido entretanto libertado, mas de acordo com fonte judicial o depoimento dos colegas é unânime no sentido de desvalorizar a sua intervenção nos maus tratos à vítima.
«Dizem que o jovem esteve presente mas que, não só não agrediu, como chegou mesmo a desincentivar os colegas, pedindo-lhes que parassem». Foi, por isso, com enorme estranheza que os inspectores da PJ receberam a notícia de que o rapaz tinha ficado em prisão preventiva, uma medida entretanto revogada. Desconhece-se se o jovem será ou não acusado.
O crime terá ocorrido no fim-de-semana de 18 e 19 de Fevereiro, mas o corpo apenas foi encontrado na semana seguinte, num fosso com dez metros de profundidade, no piso subterrâneo de um parque de estacionamento, no Porto.