"Sei que em dois países europeus estão produzindo preservativos com vírus de propósito", disse em entrevista à BBC o arcebispo Francisco Chimoio.
"Eles querem acabar com o povo africano. Querem colonizar tudo. Se não tomarmos cuidado, estamos liquidados", acrescentou.
O arcebispo, que não detalhou exatamente os responsáveis pela suposta fraude, disse ainda que drogas antirretrovirais também estão contaminadas.
A Igreja de Moçambique opõe-se formalmente ao uso de preservativos para combater o VIH/SIDA, e recomenda a fidelidade no casamento ou a abstinência sexual.
"Se quisermos mudar a situação para encarar o VIH/SIDA, é necessário adotar uma nova mentalidade. Se não mudarmos nossa mentalidade, estaremos liquidados em breve", acrescentou o arcebispo.
"(A nova mentalidade) significa casamento, fidelidade às suas mulheres e jovens se abstendo das relações sexuais."
Resposta
Ativistas contra o VIH/SIDA qualificaram as declarações como "bobagem".
"Há anos utilizamos preservativos, e ainda achamos que eles são seguros", disse à BBC a ativista moçambicana Marcella Mahanjane.
Já o ativista Gabe Judas, que coordena um grupo de teatro para promover a conscientização sobre o problema, disse:
"Os preservativos são uma das melhores maneiras de se proteger contra o VIH/SIDA. São uma maneira segura e as pessoas devem usá-las".
O correspondente da BBC em Maputo Jose Tembe disse que as estimativas indicam que a contaminação por VIH&SIDA afeta mais de 16% da população de 19 milhões de habitantes do país.
Cerca de 500 pessoas são infectadas a cada dia.
O catolicismo é praticado por 17.5% da população moçambicana. De acordo com o correspondente, o arcebispo – um dos facilitadores do acordo de paz que pôs fim a 16 anos de guerra civil em 1992 – é bastante respeitado no país.