Os homossexuais são um dos grupos inaptos, segundo o IPS, para dar sangue. Isto porque, continua Gracinda Sousa, os ‘gays’ “praticam sexo anal e isso é um comportamento arriscado por ter consequências que hoje ainda são desconhecidas.” “É um absurdo! Então e os heterossexuais que praticam sexo anal?” A pergunta feita em tom de indignação vem de António Cerzedelo, presidente da Opus Gay. Quando confrontada com a pertinente questão, Gracinda Sousa admite que “o risco é relativamente o mesmo”, no entanto – embora se esforce por negar que a opção sexual seja objecto de discriminação pelo IPS –, a responsável sublinha que “o critério vale apenas para homossexuais.”

“É um critério moralista, altamente discriminatório e dá um sinal errado sobre a saúde pública. Os estudos provam que os homossexuais são minoritários na transmissão de doenças”, sublinha Cerzedelo. Uma opinião que vai ao encontro da de Sérgio Vitorino, da associação homossexual Panteras Rosa: “esta é a face do preconceito puro do IPS e que está a afastar milhares de dadores”. Além disso, Vitorino faz um alerta para a confusão em que sobrevivem os serviços de sangue: “a abordagem muda de Lisboa para Évora. Tenho cartão de dador de sangue e estou impedido de o ser, mas continuo a receber as cartas do IPS para não me esquecer de renovar a dádiva, tal é a contradição.”[...]