Os heterossexuais são o grupo de maior risco, representando 74% do total de seropositivos detectados no CAD. Os homossexuais, embora sejam apenas 7% do total de utentes, constituem 19% dos infectados. Estes números são interpretados por Luís Pimentel, coordenador do CAD do Porto, à luz do "efeito perverso" da melhoria dos tratamentos farmacológicos que permitem ao seropositivo viver longos anos com mais qualidade de vida do que era possível há alguns anos. Ou seja, a sida passou a ser olhada como uma vulgar doença crónica e, entre os homossexuais, assiste-se a um relaxamento das medidas de protecção e o consequente aumento das taxas de prevalência da doença, de acordo com aquele responsável.
Ainda assim, é a população heterossexual quem mais contribui para as dramáticas estatísticas da sida. E os números de Portugal são preocupantes. A Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou que, em 2004, Portugal foi o país da Europa Ocidental com mais casos novos de infecção.
Os dados do CAD apontam também para uma maior vulnerabilidade dos desempregados, que representam 26% dos doentes infectados embora sejam apenas 8% dos utentes . Os estudantes (principalmente universitários) constituem uma fatia significativa (31%) do total de pessoas já testadas no Centro de Aconselhamento e Detecção, mas apenas um em cada dez é seropositivo. A esmagadora maioria dos utentes é solteira e reside no distrito do Porto. Regista-se também uma maior adesão por parte dos homens (64%), que representam também a maioria dos infectados (67%).