Antes de falar da sessão de encerramento, uma breve referência a um dos filmes menos interessantes do festival, exibido na secção Panorama - "L'Amour Debout", do francês Michaël Dacheux, um filme completamente atípico. Uma completa desilusão.
A sessão de encerramento teve muito público, mas não esgotou; aliás e exceptuando o filme de abertura, notei menos gente que em anos anteriores.
Deixando para o fim a lista dos prémios, falemos do filme escolhido para encerrar o festival.
"Bixa Travesty" é um corrosivo filme brasileiro da dupla Claudia Priscilla / Kiko Goifman.
Um documentário que segue a cantora Linn da Quebrada, uma mulher trans negra, performer e activista oriunda de um bairro pobre de S.Paulo. As suas electrificantes actuações. plenas de nudez e ousadas sexualmente são por ela usadas contra o machismo hetero-normativo brasileiro.
Ela procura constantemente discutir e lutar contra paradigmas e estereótipos, sendo um retrato fortíssimo da vida e arte de uma das mais fascinantes figuras da cultura queer brasileira da actualidade.
E depois vieram os prémios...
O prémio para a Melhor Longa-Metragem da edição deste ano do festival Queer Lisboa foi para a obra argentina "Marilyn" (que falei aqui), de Martin Rodriguez Redondo, e uma menção honrosa foi atribuída ao filme brasileiro "Tinta Bruta" (que falei aqui), realizado por Filipe Matzembacher e Marcio Reolon.
A melhor interpretação feminina foi para Kristin Thóra Haraldsdóttir, pela sua interpretação em "And Breathe Normally", enquanto o galardão de Melhor Actor foi para Victor Polster, pela sua atuação em "Girl".
"Girl", de Lukas Dhont foi também o vencedor do prémio do Público.
Foi para mim uma tremenda decepção a não atribuição de qualquer distinção ao filme "Sauvage" (que falei aqui), mas como já afirmei antes, um filme "clássico" na sua concepção, dificilmente vencerá uma edição do Queer Lisboa.
Na competição de Documentários, o grande prémio foi para "Room for a Man", de Anthony Chidiac, do Líbano e a Menção Especial para "Cartas para um Ladrão de Livros", de Caio Cavechini e Carlos Juliano Barros (Brasil).
Nesta categoria, o Prémio do Público foi atribuído a "Lunàdigas - Ovvero Delle Donne Senza Figli", de Nicoletta Nesler e Marilisa Piga (Itália).
Não me vou pronunciar porque não assisti a nenhum documentário.
Relativamente às Curtas-Metragens, o prémio principal foi atribuído a "Would You Look At Her", de Goran Stolevski (Macedónia), um dos que menos gostei, e a Menção Especial a "O Órfão", de Carolina Markowicz, do Brasil que venceu igualmente o Prémio do Público, e que eu não vi. Aliás como também referi antes, de uma maneira geral, não houve grandes filmes de curta-metragem, neste festival.
Na Competição "In My Shorts", o Prémio Melhor Curta-Metragem de Escola foi para "Mathias", de Clara Stern (Austria), enquanto a Menção Especial do Júri ficou em "Three Centimetres", de Lara Zeidan (Reino Unido). Não vi o primeiro e não gostei mesmo nada do segundo...
Finalmente,no que respeita à Competição "Queer Art", o Melhor Filme foi "Inferninho" (que falei aqui), de Guto Parente e Pedro Diogenes (Brasil) e a Menção Especial a "Martyr"(que falei aqui), de Mazen Khaled (Líbano). Aqui sim, estou plenamente de acordo com o júri.
E para terminar...
Dois apontamentos finais, sendo o primeiro para a presença de Gonçalo Diniz, primeiro presidente da ILGA Portugal, que organizou os primeiros festivais então chamados "Festival de Cinema LGBT de Lisboa", sob a orientação do sempre recordado Celso Júnior. Tive o enorme prazer de lhe dar um abraço e de saber que desde há pouco voltou para ficar de novo no nosso país. Ainda bem...
O segundo, reafirmar que foi uma honra para mim, ter sido escolhido pelo João Paulo para escrever as crónicas diárias para o PortugalGay - fi-lo com muita satisfação e o melhor que pude.
Até para o ano...