A ideia de que a família ideal para criar uma criança tem um pai e uma mãe foi usado nos EUA pelos que conseguiram negar o direito ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo na califórnia.
A Assembleia da República em Portugal está a poucos dias de aprovar uma lei de casamento civil que exclui a adopção por casais do mesmo sexo com base na mesma ideia.
O artigo principal do número de Fevereiro do Journal of Marriage and Family desafia a ideia-feita de que uma criança sem um dois pais estará em desvantagem perante outros, ou que os homens providenciam um conjunto diferente e supostamente indispensável de capacidades parentais diferentes das mulheres.
Timothy Biblarz da USC (University of Southern California) College of Letters, Arts and Sciences veio a público dizer que "decisões políticas significativas tem sido tomadas baseadas no preconceito de que uma criança precisa de um pai e uma mãe. No entanto, não existe quase nenhuma pesquisa na ciência social que apoie esta hipótese. Um dos problemas é que os apoiantes desta teoria ignoram sistematicamente as pesquisas que envolvem a parentalidade de casais do mesmo sexo".
Biblarz juntamente com Judith Stacey da NYU (New York University) estenderam o seu trabalho prévio nas questões de género e família e analisaram outros estudos científicos sobre parentalidade, incluindo lares com um único pai, com dois pais gays, ou duas mães lésbicas.
Na análise os investigadores não encontraram nenhuma prova científica de que existam capacidades parentais específicas de um dos géneros com a "excepção parcial da amamentação", salientando que há muito pouco no género dos pais que seja significativo para o ajustamento psicológico da criança e o seu sucesso social.
Os investigadores criticam os estudos normalmente citados porque não falam na realidade de um pai e uma mãe em casa, mas apenas comparam famílias heterossexuais com famílias monoparentais, baralhando o número de progenitores com as questões de género dos mesmos.
"O resultado final é que a ciência demonstra que crianças educadas por dois pais do mesmo sexo desenvolvem-se da mesma forma, em média, que as crianças educadas por dois pais de sexo oposto. Isto é obviamente incoerente com a crença popular de que uma criança tem de ser educada por um pai e uma mãe para se desenvolver de forma harmoniosa", afirma Biblarz.
Stacey conlcui: "O melhor tipo de família para uma criança é uma família responsável, dedicada e com parentalidade estável. Dois pais são, em média, melhores que um, mas um pai realmente dedicado é melhor que dois pais razoáveis. O género dos pais é apenas significativo de formas que não são relevantes".