Maxim Lapunov, nativo da Sibéria, disse que ele e o seu parceiro foram detidos em Grozny, capital da Chechénia, enquanto estava lá em trabalho, de acordo com a Associated Press.
Numa conferência de imprensa em Moscovo, Lapunov descreveu como foi mantido num centro de detenção por cerca de duas semanas. Durante este tempo, os guardas espancaram-no com bastões e forçaram ele e o seu parceiro a lutar uns contra os outros.
Quando eu caía, eles davam uma pausa e depois obrigavam-me a levantar-me e continuar por várias rodadas.
Dia após dia, eles diziam-me claramente que me queriam matar. Maxim Lapunov
Lapunov foi libertado depois de assinar um documento declarando que era gay e prometendo nunca falar das suas experiências durante a detenção. Se quebrasse esta declaração, as autoridades da disseram que ele seria perseguido e morto.
A experiência deixou marcas psicológicas profundas, bem como memórias de outros detidos homossexuais e bissexuais que também foram torturados.
Continuo com pesadelos sobre o que eu passei por lá.
Os gritos, gemidos e orações por misericórdia deixaram uma marca.
Eu quero justiça. Não quero me sentir desprotegido no meu próprio país, em que qualquer um da Chechénia pode vir atrás de mim e matar-me a qualquer momento Maxim Lapunov
Lapunov é o primeiro sobrevivente a vir a público sem a cobertura do anonimato, para alertar as autoridades russas sobre as atrocidades cometidas contra as pessoas LGBT na Chechénia. Pelo menos 100 homens gays e bissexuais foram detidos e torturados este ano, de acordo com organizações de direitos humanos, tendo alguns sido mortos. As pessoas trans também são alvo regular das autoridades da república semi-autónoma russa. As autoridades locais têm por um lado repetidamente negado a existência dos campos, e de perseguições, mas por outro também fizeram várias declarações homofóbicas graves.
Os ativistas pelos direitos humanos criticam as autoridades centrais da Rússia pela resposta lenta ao problema.