O ex-capitão de rugby galês Gareth Thomas revelou ontem que vive com VIH num Video no Twitter, mas também explicou que foi "forçado" a compartilhar a situação.
Thomas, 45 anos, também quer "quebrar o estigma" em torno das pessoas que vivem com VIH e mostrar como as pessoas que são VIH+ são vistas de forma distorcida pela sociedade em geral como "andando por aí com bengalas que estão quase morrendo".
Ele falou sobre a "vergonha" e "medo" de manter sua condição em segredo e também que é "um dever partilhar com vocês".
No vídeo um Gareth Thomas visivelmente emocionado começa por explicar que quer contar um segredo, não sobre os males que tornaram a sua vida num inferno, que ameaçaram contar antes de eu o fazer.
Porque eu acredito em vocês e confio em vocês.
Eu vivo com o VIH.
Agora vocês têm essa informação que me torna extremamente vulnerável, mas não me torna fraco.
Não, mesmo que eu tenha sido forçado a compartilhar esta situação, escolho lutar e educar para quebrar o estigma em torno deste assunto. E isso começa hoje, quando eu enfrentar o IronMan mais difícil do mundo em Tenby e me levo fisicamente ao limite Gareth Thomas, Twitter
Ele também explica que todos vivemos com medo das reações ou opiniões negativas de outros sobre alguma coisa nossa, mas isso não significa que tenhamos de viver escondidos. Mas para dar este passo ele precisa do apoio de todas as pessoas.
O vídeo já teve mais de 1 milhão de visualizações nas pouco mais de 12 horas em que está online, com mais de 5000 comentários e partilhas.
Os comentários referem o "heroi" que Gareth foi e será para muitos dos fãs anónimos da sua carreira desportiva, mas também diversas reações de elementos mais visíveis como clubes, canais de televisão, treinadores, atletas, e o igualmente lendário, e gay, árbitro Nigel Owens:
Mantenha-se forte, meu amigo, e como sempre parabéns por ser corajoso e falar sobre estes assuntos importantes que afetam tantos e ajudarão muitos mais. Nigel Owens, Twitter
Entrevista tocante
Entretanto hoje de manhã, Gareth deu uma entrevista tocante ao jornal britânico Sunday Mirror.
Na entrevista o ex-jogador internacional de Rugby explica como foi fazer uma rotina de análise como habitual, e se viu ao saber do resultado a chorar descontroladamente (ele tem 1 metro e 90 de altura, e cerca de 100 kg de peso) durante mais de 20 minutos nos braços da médica que lhe contou que ele era VIH+, e da forma como ela o apoiou nesse momento. Numa altura em que ele simplesmente apenas conseguia pensar: "vou morrer". E explica que "como a maioria das pessoas" ele vivia com a convicção que o VIH era uma sentença de morte.
Na entrevista ele também refere que decidiu dar esta entrevista por é um jornal em que ele confia e que "juntos podemos fazer a diferença".
Mas a verdade é que ainda estou com medo, mesmo agora, das pessoas descobrirem que eu sou VIH+ e estou na m***da e sinto-me apavorado sobre qual será a reação, porque ainda vivemos numa época em que não se fala sobre o VIH. Gareth Tomas, Sunday Mirror
E também falou de situações concretas de rejeição que ele achava iriam acontecer como as pessoas não quererem respirar o mesmo ar que ele, não quererem beber do mesmo copo e que se ele entrasse num café todas as pessoas iriam sair do local apenas porque estaria com medo de serem infectadas por ele.
Eu acho que se saísse à rua agora e dissesse a 10 pessoas que era VIH+, 50% delas ficariam com medo que eu lhes passasse o vírus.
Não culpo as pessoas por pensarem assim, porque eu também pensei assim, mas precisamos mudar isso falando sobre o assunto e educando as pessoas. Gareth Tomas, Sunday Mirror
O VIH, que se transmite através de contacto sexual e do sangue, ataca o sistema imunitário e se não for tratado aumenta gradualmente o risco de infeções e doenças, que a longo prazo podem levar ao estado de SIDA e morte.
Não há cura conhecida para a infecção mas os tratamentos disponíveis significam para a esmagadora maioria dos pacientes podem viver uma vida absolutamente normal e com uma estimativa de vida similar às pessoas VIH-.
Gareth começou a ser acompanhado imediatamente depois de saber do diagnóstico, e tem testes de controlo todos os 6 meses, sendo que neste momento o vírus no seu sangue está "indetectável" o que significa que ele não pode infectar outras pessoas através de contacto sexual.
As pessoas precisam saber que, com acesso à medicina moderna, o VIH não é mais uma ameaça à vida e, devido à medicação que tomo, não tenho como transmiti-lo.
É muito controlável. Em termos de efeito no corpo, o diabetes é considerado pior do que o VIH pelos médicos. Não estou a morrer. Gareth Tomas, Sunday Mirror
O jogador continua extremamente em forma aos seus 45 anos e competirá hoje no evento Wales Ironman em Tenby, South Wales. Ele explicou ao jornal:
Estou mais em forma agora do que quando jogava rugby, e não tinha VIH na altura. Não estou bem, estou muito melhor do que bem Gareth Tomas, Sunday Mirror
Gareth jogou 100 jogos internacionais pelo País de Gales entre 1995 e 2007, sendo o único jogar na história a atingir esse registo no rugby.
Ele foi notícia a nível mundial em 2009, com 35 anos, ao se afirmar homossexual quando ainda era jogador profissional de rugby. Depois ainda jogou quatro jogos internacionais pelo País de Gales. Entretanto tem participado em vários programas de televisão quer como comentador desportivo quer como convidado, como foi o caso da 9ª temporada do Celebrity Big Brother em 2012, na 8ª temporada Dancing on Ice em 2013 e na série de desportos radicais de inverno, The Jump.