Questionado pelo entrevitador se o público estaria mais tolerante com o assunto, Silva, 61, afirmou que se não tivesse colocado personagens certinhas na novela, elas não teriam sido tão bem recebidas. Aliás, em recente pesquisa realizada pela Rede Globo, o público já havia demonstrado sua simpatia pelo casal Jenifer (Bárbara Borges) e Eleonora (Mylla Christie).Na opinião de Silva, o Brasil sempre foi tolerante com a homossexualidade. Desde a época da colônia. Os cronistas do começo do século 20, tipo João do Rio, eram homossexuais. Pelo menos o Rio sempre foi uma cidade muito liberal. Mas, quando você vai abordar um assunto desses numa novela, tem que tomar certas precauções, porque você não está escrevendo só para o público mais esclarecido, está escrevendo para o país inteiro. Provavelmente, se as minhas meninas não fossem duas pessoas tão certinhas, e isso foi propositado, acho que criaria um mal-estar, acredita o autor.O sucesso estrondoso da novela que registrou pico de 68 pontos no IBOPE na semana passada não estava nos planos de Silva. Achava que podia ser um desastre, porque é diferente das outras. Mesmo quando a novela é certinha, pode não dar certo, imagine quando ela não é. Tive muito medo disso, esclarece. Na entrevista, Silva também falou sobre a polêmica envolvendo o bicheiro Giovanni Improtta (José Wilker), que gerou certo incômodo no autor, levando-o a mudar certas coisas no roteiro, e sobre a questão da agressão aos nordestinos. A gente vê isso nas ruas todo dia. Existe muito preconceito contra os nordestinos. Atualmente está a acontecer uma coisa que me espanta: o Lula e o Severino Cavalcanti, na verdade, são muito próximos. Mas as pessoas têm um respeito enorme pela figura do Lula, mas não têm o menor respeito pela figura do Severino. Todo o preconceito em cima do Severino é porque ele é nordestino, não por ser de direita, diz Silva.
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