O antigo ministro e o autor de "Não há almoços grátis" fazem levantar a censura conservadora como signatários de uma petição que apela à revisão por parte da Assembleia da República das leis do aborto, procriação medicamente assistida e do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Os apoiantes desta petição alegam que estas leis, aprovadas nos últimos seis anos, são responsáveis de "corroer o tecido social do país".
A petição "Defender o Futuro" surge quase como um contraponto ao progresso no respeito pelos direitos humanos, vivido por exemplo neste momento em França e vivenciado em Portugal nos últimos anos, apontando as leis citadas bem como a lei do divórcio como nefastas e por isso destruidoras do que chamam "os pilares estruturantes da sociedade".
Os autores do documento e seus signatários dizem que o sentimento "dominante" na sociedade é de que o governo deve fazer alterações legislativas que reconheçam a "família" como fundamental para a organização social, fomento da economia e de solidariedade intergeracional.
Reações
João Teixeira Lopes do Bloco de Esquerda disso ao PortugalGay.pt que esta petição é uma reacção de quem está parado no tempo e até de um certo espírito vingativo ao sentido da mudança. Teixeira Lopes aponta o documento como uma tentativa de mobilizar as fações mais conservadoras, nomeadamente da igreja, assim como uma enorme inconformidade pela forma como a sociedade aceitou a mudança legislativa havida nos últimos anos.
João Torres, secretário-geral da Juventude Socialista aponta a petição como um retrocesso civilizacional no qual os jovens portugueses não se revêem.
Na mesma linha Manuel Pizarro, candidato à Câmara do Porto e deputado do PS, aceita que numa sociedade democrática tudo se deve discutir mas não pode deixar de lamentar que em matéria de igualdade de direitos possa existir cidadãos que não se conformam com os avanços que a sociedade vai realizando. Referindo que seria inaceitável regressar à intolerância e a discriminação sobre a orientação sexual e identidade de género.