Ontem, foi a primeira vez que Vítor falou ao tribunal sobre o que aconteceu em 2006, durante as quatro visitas que fez ao prédio abandonado onde Gisberta vivia.
Não bateu, mas viu alguns amigos dar pontapés nas pernas e viu também o David atirar-lhe com um barrote. Tal como os outros treze amigos envolvidos nas agressões e morte de Gisberta, Vítor não se recordou de muitos pormenores. Vítor Santos está acusado de três crimes de ofensa à integridade física qualificada (pena até quatro anos) e um de omissão de auxílio (até dois anos). E como é que a Gi ficou na quinta-feira?, perguntou o juiz referindo-se ao segundo dia em que Vítor assistiu às agressões. Ficou deitada, respondeu o jovem. E sábado?, questionou o juiz. Estava deitada, não se via que ia morrer, mas estava ferida, gemia e dizia que estava mal. Nunca pensei que ia morrer, disse Vítor.
Gisberta era uma pessoa transexual, sem-abrigo, toxicodependente, seropositiva e com uma saúde débil. Foi atirada ainda viva para dentro de um poço no prédio abandonado após vários dias de agressões. Vítor é o único que pode ser punido criminalmente porque à data dos factos já tinha 16 anos.
(por Manuela Teixeira, com edições PortugalGay.PT)