Numa iniciativa conjunta da Sub-Região de Saúde de Santarém, do Hospital Distrital e do Instituto Português da Juventude (IPJ), assinalando o Dia Mundial de Luta Contra a SIDA, uma centena de jovens foram confrontados, durante a manhã, com situações concretas e informados sobre os serviços e os meios colocados à sua disposição por estas instituições.
Verónica Cardoso, a enfermeira responsável pelo Gabinete de Apoio à Sexualidade Juvenil, que funciona no IPJ com o apoio de uma psicóloga, alertou para o facto de, na maioria das vezes, os jovens procurarem ajuda depois de terem vivido uma situação de risco.
«Apesar das campanhas, dos esclarecimentos, os jovens continuam a pensar que a infecção acontece apenas a alguns grupos, como os homossexuais, as prostitutas, os toxicodependente e depois têm comportamentos de risco, como relações ocasionais, não planeadas, muitas vezes depois de noitadas em que beberam ou ingeriram algumas drogas», disse.
Verónica Cardoso criticou o comportamento dos rapazes, que empurram para as raparigas, «mais desinibidas», a responsabilidade de irem ao IPJ buscar preservativos e por, muitas vezes, não os saberem usar correctamente.
Sublinhando a frequência com que o gabinete é procurado por jovens «em angústia», Verónica Cardoso apelou a que procurem informação e ajuda «quanto mais cedo melhor» e avisou: «É melhor usar preservativo e usá-lo bem».
Fausto Roxo, médico do Hospital Distrital de Santarém responsável pelo Hospital de Dia de Doenças Infecciosas, lamentou igualmente que, «contra o que seria natural, continua a existir muita ignorância e preconceito» entre os jovens na casa dos 15-18 anos, sendo as acções como a de hoje por vezes mais eficazes que as muitas campanhas que se têm realizado.
Infecções em idade mais avançada
Por outro lado, têm crescido os casos de infecção em heterossexuais de grupos etários mais avançados, disse à agência Lusa.
«São pessoas que não pertencem a grupos estigmatizados, acham que o problema não lhes diz respeito e nem se informam», afirmou.
O hospital de dia que dirige acompanha cerca de 650 doentes infectados com o VIH ou com hepatites, sobretudo C, mais de metade dos quais (350) seropositivos. Na sua maioria são da região, mas também há pessoas de outros pontos do país que preferem ser tratados fora da área onde residem, disse.