Com o início do mês de junho foram finalmente abertos bares e discotecas na Galiza. Como qualquer outro jovem de 24 anos, poder ir a uma discoteca numa noite de verão era o plano perfeito para o fim de semana. E ainda por cima tendo em conta que trabalhava num lar de idosos onde pode observar na primeira pessoa o pior da pandemia durante mais de um ano.
E o plano do jovem de origem brasileira Samuel foi simples: ir com um grupo de amigos na sexta-feira para um dos bares da moda na zona do passeio marítimo de Riazor em A Coruña. A experiência correu tão bem que decidiu repetir a dose no sábado com os seus amigos Diego, Lina e Andreia. E tudo correu como planeado, foram a uma discoteca, divertiram-se e saíram por volta das 3 da manhã. Por volta dessa hora Samuel e Lina saíram da discoteca para fumar e aproveitaram para fazer uma video-chamada com a namorada de Lina, deixando os seus amigos no interior do bar, e afastando-se da entrada.
Brutal agressão
E foi durante a video-chamada que as coisas começaram a correr terrivelmente mal.
A certa altura passa um grupo perto deles diz para pararem de gravar.
Os dois não ligaram muito à agressão verbal gratuita e explicaram que estavam numa video-chamada, não estavam a gravar ninguém. Ao que um do grupo se aproxima e diz a Samuel:
O paras de grabar o te mato, maricón
Samuel ainda disse: "Maricón de qué?", mas a resposta foi um murro direto, a que se seguiram muitos mais.
Lina só conseguia gritar para o deixarem em paz, e ao ver a situação pessoas que estavam perto da entrada da discoteca intervieram e conseguiram parar os murros e o agressor foi-se embora.
Pelo meio temos um Samuel abalado e que descobre que o seu telemóvel foi parar ao chão durante esta primeira agressão e ele pediu a Lina para o encontrar. Mas quando Lina procurava o telemóvel o agressor voltou novamente a correr acompanhado com mais 12 pessoas que encurralaram Samuel e o agrediram em grupo enquanto ele tentava atravessar a rua. A agressão foi rápida e brutal, e passados uns momentos os agressores fugiram.
As pessoas à volta chamaram a polícia e deram apoio médico imediato no local, entretanto chegou uma ambulância que o levou para o hospital em estado crítico mas depois de duas horas de intervenções foi declarado o óbito.
Graças a várias gravações feitas por telemóveis a polícia conseguiu identificar 13 pessoas que estarão relacionadas com o ataque e que agora estão a ser interrogadas pelas autoridades.
O pai de Samuel, Maxsoud Luiz, deixou uma mensagem escrita no local onde o menino estava gravemente ferido com a qual queria agradecer o trabalho do pessoal de emergência médica “por todo o esforço feito” e expressou a dor da família porque “levaram embora a única luz que iluminou nossa vida; sabemos que teremos um longo caminho a percorrer; seremos apoiados pela nossa família, amigos e colegas que nos ajudarão a sair deste caminho tenebroso ”.
Muitos grupos na cidade de A Coruña expressaram sua total indignação e rejeição por esta agressão violenta e está marcada mais uma concentração para esta segunda-feira às 12:00 na Plaza de María Pita para apoiar os familiares da vítima e a qual uma grande reação da cidadania condenando a violência.
Antes da concentração em sinal de rejeição, convocada pela Câmara Municipal de A Coruña, a autarca da cidade, Inés Rey, vai reunir-se com o subdelegado do Governo para “reforçar a cooperação em segurança cidadã e analisar em primeira mão o resultado do investigações sobre o fato ocorrido no sábado “, conforme explica uma nota do município de A Coruña.