Na calha, está também uma biografia assinada por Manuela Gonzaga e uma longa-metragem de ficção, realizada por João Maia, com argumento de Catarina Portas. As doze canções de Humanos, resultaram do espólio inédito deixado por Variações, agora recuperado nas vozes de Camané, Manuela Azevedo e David Fonseca. Mas a história deste disco é em si mesma uma viagem pela memória do cantor. Após a morte de Variações (há 20 anos), o irmão Jaime Ribeiro ficou a administrar o património artístico de Variações, por ser advogado. De início, não deu muita importância a umas quantas dezenas de cassetes com gravações. Mas quando começou a ler letras, dactilografadas, percebeu finalmente que estava perante um verdadeiro tesouro. Comecei a pressionar o David Ferreira (da EMI-VC), para pôr de pé este projecto. Não foi fácil, porque as editoras têm os seus compromissos e timings. Há um ano, o jornalista Nuno Galopim ficou encarregue de seleccionar e catalogar este espólio e o projecto começou a tomar corpo. As gravações não eram editáveis e foi necessário fazer arranjos orquestrais e dar-lhes novas vozes. A escolha das vozes (Manuela Azevedo, David Fonseca e Camané) foi muito boa e acho que o disco ficou excelente. Excepção feita a um tema, a matriz musical das canções é fiel à construção original do António. As pessoas vão identificá-lo ali, explicou Jaime Ribeiro. Jaime Ribeiro recorda o irmão como uma homem que suplantou limites. Nasceu no seio de uma família rural, mas correu o Mundo. Tinha a quarta classe, mas possuía uma cultura geral acima da média, como o mostram as canções. família de Variações surpreende-se ainda com a forma como o público continua a acarinhar um dos seus. É raro alguém que teve uma passagem meteórica pela música continuar a ser recordado 20 anos depois. O António perpassa gerações. Tem fãs de 15 anos, que nem sequer existiam quando ele morreu. Ele era original e não tinha preocupação em chocar. Isso deu-lhe uma certa mística e tornou-o um culto, concluiu.