Todos iguais, todos diferentes
Jul 1997
Racismo.
A única palavra que me surge quando se fala em homossexualidade.
A nossa conservadora sociedade continua a ver os gays como grandes inimigos
" a abater", por serem considerados como doentes mentais e diferentes
de uma linha "natural".
Mas os gays não podem
ainda viver sem máscaras e disfarces, vítimas de uma população
que os sujeita a todo o tipo de agressões psicológicas, vivem
muitas vezes com o peso do errado mas principalmente com o peso da discriminação.
O escritor Oscar Wilde foi
condenado em Inglaterra a uma pena de prisão por homossexualidade,
mas afirma: «Entre mim e a minha obra não há abismo
rigorosamente nenhum. Entre mim e a sociedade há um abismo imenso».
Há ainda um longo
caminho a percorrer para acabar com esse abismo, mas lutando contra preconceitos
poderemos construir uma sociedade mais tolerante e harmoniosa. Eu levanto
aqui a minha voz contra a estupidez humana da intolerância e da não
compreensão.
Uma guerra já ganha
é aquela onde se deixou de considerar a Sida como uma doença
gay, mas há ainda muitas batalhas para ganhar, principalmente a
vitória da liberdade em que se espera ver um desfile gay nas ruas
da Av. da Liberdade (para fazer justiça ao seu nome).
Até quando poderão
eles andar na rua sem que os chamem "paneleiros" ou "fufas"
e sem que sejam apedrejados; até quando poderão escolher
a sua identidade sexual sem que os pais lhes digam que preferiam que eles
fossem drogados, ladrões ou assassinos a saber que são homossexuais;
em que futuro veremos na nossa televisão compreensão e verdade
em vez de críticas e mentalidades retrogradas. Vamos esperar por
este futuro aguardando a sua mais rápida proximidade.
Os homossexuais desejariam
viver num país civilizado e livre onde houvesse respeito pela pessoa
que está ao lado, quer seja hetero, homo ou bissexual, preto, branco
ou cor-de-rosa, ou andasse com os pés para cima e a cabeça
para baixo. O que realmente é preciso é que todos tenham
consciência de que os sentimentos entre os homossexuais são
iguais em qualidade e intensidade aos que poderão existir entre
heterossexuais.
Não é possível
que num país evoluído como os E.U.A. que desde 1973 deixaram
de ver a homossexualidade como uma doença mental, exista ainda cidades
que sejam demasiado conservadoras e preconceituosas e tenham proibido,
nesta época, a entrada e estadia de homossexuais nas suas ruas.
Até quando...
Os gays tem que deixar de
sofrer em silêncio e passar a ter os mesmos direitos de qualquer
pessoa (na prática, não só no papel como é
usual), sem que sejam despedidos dos empregos e expulsos das suas casas.
Numa altura em que os jovens
lutam por uma sociedade mais justa onde todas as pessoas possam viver segundo
a sua personalidade, temos que ser nós a mudar mentalidades, urgentemente.
O poeta Al Berto, um homossexual
assumido explica quais os sentimentos gay: «Sou um homem que gosta
da mulher através dos homens. É uma maneira de amar o meu
contrário amando o meu próximo».
Não serão também
estes os sentimentos que nos guiam no amor, qual a diferença? Ama
quem tu quiseres!
Todos iguais, todos diferentes!
Todos iguais, todos diferentes