Comunicado de imprensa 26-01-2004
Rugido da Pantera contra o preconceito, pelo direito à Habitação!
- Acções diárias de protesto mantêm-se na Praça do Município, sempre às 12:30h, até que a Câmara concretize esta aparente disponibilidade para procurar uma solução para o caso.
O casal lésbico injustamente excluído do processo de realojamento do Bairro da Cruz Vermelha do Lumiar, em Lisboa, conseguiu hoje manter o primeiro contacto com um responsável da Câmara Municipal de Lisboa (CML) desde a denúncia da sua situação pelas Panteras Rosas - " Associação de Combate à Homofobia.
Gonçalo Moita, chefe de gabinete da vereadora da Habitação da CML, deu hoje garantias, a uma das jovens do casal, Liliana, na presença de um representante da Associação Panteras Rosas, de que esta será brevemente contactada pelos serviços de Acção Social do Município no sentido de o seu processo ser revisto - tal como solicita desde há um ano - e a autarquia possa finalmente encontrar uma solução de habitação para esta família a quem demoliu a casa na última quinta-feira.
O casal tem recebido inúmeras manifestações de apoio, desde as associações gays e lésbicas a delegados sindicais do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), da associação de moradores do seu bairro até activistas de movimentos sociais diversos, passando por inúmeras manifestações de apoio da parte dos vizinhos do seu bairro bem como de muitos cidadãos anónimos que reconhecem este caso como tendo origem numa discriminação homofóbica ignorada pelo município, mas sobretudo como um caso de direito à Habitação, revelador da insensibilidade e do desconhecimento dos responsáveis municipais quanto às realidades familiares com que lidam nos processos de realojamento. Basta ver que hoje mesmo, num frente a frente com as Panteras Rosas no programa "Olá Portugal", da TVI, Gonçalo Moita voltou a aconselhar Liliana a recuperar o quarto a que tem direito na casa dos seus pais com a ajuda da polícia municipal, demonstrando acreditar que o entendimento familiar - num caso de não-aceitação da homossexualidade da filha - deve ser conseguido com base no cassetete da polícia.
Torneando a proibição de manifestação na Praça do Município, as Panteras Rosas e o casal, à semelhança da manhã de hoje, continuarão a manter permanências junto da autarquia e a desenvolver uma acção de protesto diária no local - o "Rugido da Pantera", grito colectivo de 10-15 segundos face ao edifício da Câmara - sempre às 12h30, até que a CML dê concretização palpável à boa vontade hoje manifestada oralmente.
Pelas Panteras Rosas,
Sérgio Vitorino