IDAHO – Portugal, 17 de Maio de 2006
Quero antes de mais saudar o trabalho e a energia de todos os meus amigos, no seu combate contra a homofobia. Ciente da qualidade e da generosidade da sua acção, não direi mais para não ofender a sua humildade. E a todos quantos querem estar presentes, uma saudação!
17 de Maio de 2006, 2ª edição do Dia Mundial de Luta Contra a Homofobia!
Cada avanço é uma ocasião de alegria: o ano passado, por exemplo, o Presidente do Parlamento Europeu reconheceu oficialmente o Dia mundial. Eis uma bela vitória, e logo no primeiro ano! Maior alegria ainda, as “estreias” organizadas por ocasião do dia 17 de Maio de 2005, que fortemente estimulámos e encorajámos: as primeiras manifestações públicas LGBT na Bulgária, na Costa do Marfim, em Hong-Kong e em Taipé.
Mas o Dia mundial tem também momentos de tristeza, para os que pensam nas vítimas da homofobia, nos relatos dolorosos que surgem por esta ocasião, nas pessoas humilhadas, espancadas, nos refugiados que fogem do seu país de origem, e que, mesmo no exílio, se vêem obrigados a fugir aos controlos de polícia, correndo o risco de serem reenviados para suas casas, para a prisão, por vezes para a morte.
Hoje, a homossexualidade é penalizada em cerca de 80 países. Alguns Estados, como a Nigéria, ou os Camarões, estão inclusive apostados em agravar a legislação já existente. A pena de morte é ainda aplicada numa dezena de países. Mesmo quando a homossexualidade não é um delito, os homossexuais são muitas das vezes selvaticamente perseguidos. No Brasil, a polícia contabiliza uma média de cerca de 100 assassínios todos os anos. Infelizmente, há muito por fazer...
Também em Portugal a homofobia mata! Pensamos em particular no assassínio da Gisberta. E não é apenas disso que se trata! Os inquéritos mostram que os jovens não heterossexuais estão entre 7 a 15 vezes mais expostos ao risco de tentativa de suicídio do que os outros jovens. É uma triste realidade, que se explica pelo heterossexismo prevalecente: todos os pais esperam «naturalmente» que o seu filho ou a sua filha venham a ter um dia parceiros do outro sexo.
A questão de uma possibilidade alternativa nunca é encarada, e esta pressão social constante, como a atmosfera envolvente, totalmente invisível mas sempre omnipresente, torna-se cada vez mais sufocante. Alguns jovens já não sabem como safar-se dela. Solidão, depressão, e pronto… Quando falamos de homofobia, pensamos nos insultos, nas discriminações, nas agressões físicas. É que também isso é a homofobia, silenciosa, quotidiana e mortífera.
Que fazer então? Afundar-nos no desespero ou na resignação? Não. A acção é a meus olhos o melhor remédio para o pessimismo. Acções, houve muitas no ano passado, e mais ainda irá haver este ano: o Festival IDAHO no Japão, o Festival IDAHO na Turquia, o Festival IDAHO e o Pride histórico na Rússia, a estreia absoluta do filme “Hate Crime” em Hollywood, um seminário no Parlamento Europeu com o Presidente do Parlamento e o vice-presidente da Comissão europeia, cerimónias religiosas contra a homofobia na Guiana, na Nigéria, na Inglaterra, em França, um minuto de silêncio em França, na Costa do Marfim, na Grã-Bretanha, no Peru e no Sri-Lanka, etc.
É preciso multiplicar as acções contra a homofobia, para que um dia, finalmente, já nada disso seja necessário fazer...
Louis-Georges Tin
Presidente do Comité IDAHO
(International Day Against Homophobia)
www.idahomophobia.org