Cosmopolitan Homofóbica?
Num artigo na Secção "Soccorro!" da responsabilidade de Irma Kurtz, publicado na página 31 da edição de Setembro de 2002 da Cosmopolitan a autora faz algumas afirmações que, mesmo no contexto despreocupado do artigo, indiciam e promovem o preconceito em relação aos homossexuais masculinos em particular e aos GLBT em geral.
Tendo em conta que muitas das pessoas que lêem a Cosmopolitan são ou irão ser responsáveis pela educação de crianças, parece-nos perfeitamente inaceitável este tipo de situação.
As frases "críticas" são:
"No fim de contas, para que servem os bares gay?" (coluna 1, linhas 24/25);
A autora assume que os bares gays servem apenas para um homem encontrar um (ou mais) parceiro sexual. Esquece-se que o mesmo acontece nos "bares heteros": muitos vão lá para encontrar parceiros/as (se não, porquê as famosas noites da mulher?), mas muitos vão apenas para socializar.
"E se um rapaz normal lá vai, (...)" (coluna 1, linhas 25/26).
Rapaz "normal"???? Sem mais comentários.
Nós já enviamos o nosso protesto, mas para todos os que quiserem expressar o seu desagrado o email geral da revista é: cosmopolitan@acj.pt e o email da Directora (Isabel Canha) é: icanha@acj.pt.
Abraços,
João Paulo
Editor PortugalGay.PT
Resposta de Isabel Canha, directora da revista Cosmopolitan em Portugal:
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Em resposta ao seu e-mail, cumpre-me apresentar o meu pedido de desculpas pelo erro - apesar de a rubrica Socorro!, publicada mensalmente na Cosmopolitan, ser da responsabilidade da sua autora, a britânica Irma Kurtz. No seu texto original, apesar de em inglês existir a palavra "homosexual", a autora não a usou e optou pelo termo "straight", que em todas as outras passagens do artigo foram por nós substituídas pela palavra "homossexual" por considerámos que o referido termo inglês envolve um juízo moral. Em relação à passagem sobre os bares gay, ela representa a opinião da sua autora.
Na edição de Novembro publicaremos, na secção "Querida Cosmo", uma nota de redacção sobre este assunto.
Aproveito a oportunidade para frisar que a Cosmopolitan é uma revista que, apesar de se dirigir a mulheres heterossexuais, respeita todas as orientações sexuais. Como compreenderá, nunca foi nossa intenção ofender ou promover o preconceito. Se a Cosmopolitan fosse homofóbica, não teria dado uma página de opinião a um homossexual assumido para que escrevesse sobre as razões por que prefere os homens.
Com os melhores cumprimentos,
Isabel Canha
COSMOPOLITAN
>> Esta mensagem foi a resposta em 28/8/2002 à mensagem original de Jorge Balça de 21/8/2002, com C/C para PortugalGay.PT, Não Te Prives, Opus Gay, ILGA Portugal, GTH-PSR e Grupo Nós.
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Sim, é fantástico que um rapaz heterossexual se sinta confortável com a homossexualidade de um amigo. Mas, a meu ver, parece que o seu namorado e o amigo têm um pouco de intimidade a mais. Não estou a sugerir que ele seja homossexual, ou que a esteja a usar como capa para se esconder até ter coragem de se assumir. Mas mesmo que vocês os dois tenham uma vida sexual activa, tem razões para desconfiar. No fim de contas, para que servem os bares gay? E se um rapaz normal lá vai, das duas uma, ou está curioso ou precisa de atenção masculina. Mais, se o seu namorado fica em casa do amigo quando está bêbado, parto do princípio que o outro também o esteja. Por outras palavras, dois homens sem inibições. Mas basta de especulações, você precisa de mais informação antes de fazer juízos. Da próxima vez, faça-se convidada. Repare na comunicação entre eles e na linguagem corporal. Trate de conhecer também o amigo, ele não é o melhor amigo do seu namorado? Convide-o para tomar um café ou para passarem um dia a três e descubra mais sobre ele. Além de ser bem-parecido, quais os seus interesses? O que é que ele tem em comum com o seu namorado? Você gosta dele? Confia nele? Se a dúvida persistir, tenha uma conversa franca e pergunte-lhe, calmamente, se existe mais que uma amizade entre eles. Se calhar, ele vai rir-se na sua cara, ou ficar zangado, mas no final vai sossegá-la e contar-lhe tudo. Se achar que está a mentir, acabe com tudo de uma vez. Se não confia nele agora, não vai confiar nunca!
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