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30 Mai 2002

Proíbam a Juventude Popular e a sua homofobia!

O novo líder da Juventude Popular do Porto enviou uma carta ao Governador Civil do Porto exigindo que este impeça qualquer desfile no âmbito da Semana do Orgulho Gay, Lésbico, Bissexual e Transgender que ali se comemorará a partir de dia 14 de Junho. O responsável, Miguel Barbosa, justifica “que não é com desfiles ordinários que se consegue seja o que for” e que “a sexualidade de cada um é assumida na intimidade e no recato do lar”, para depois afirmar que a homossexualidade “é uma doença que não é normal”.

Face a tais declarações, o Grupo de Trabalho Homossexual do Partido Socialista Revolucionário (GTH-PSR) vem por este meio:

1- afirmar a sua solidariedade com o grupo Nós, organização do Porto que coordena as actividades em causa e condenar as declarações preconceituosas e ignorantes do líder da Juventude Popular. Que nem leu, diga-se, o programa da Semana em causa, que não inclui nenhum desfile. Obrigado, aliás, pela ideia.

2- rebater o argumento de que a sexualidade é assunto do foro privado – ideia responsável, por exemplo, pelas altas taxas de infecção pelo HIV ou de gravidez adolescente existentes em Portugal – sobretudo quando trabalhamos , além das questões da sexualidade, questões de discriminação social contra os homossexuais que, tendo efeitos públicos e notórios, não podem ser remetidas ao foro do invisível.

3- declarar que, ao contrário da homossexualidade, a homofobia é uma doença social que prejudica, tortura e discrimina – quando não mata – em todo o mundo, e também em Portugal .

4- Solicitar, ao líder do Partido Popular, Paulo Portas, que esclareça se a posição expressa pelo seu camarada de partido é uma posição oficial do PP ou apenas um momento de exaltação pessoal de Miguel Barbosa, que este não conseguiu exprimir de forma menos ordinária do que a que se verifica. Devolvido o cumprimento, por parte do movimento social em que nos integramos e das reivindicações sérias que este coloca à sociedade portuguesa, ficaríamos “quites”, não fora o facto de estas declarações públicas darem mais uma acha à fogueira da expressão da homofobia em Portugal.

5 -manifestar o nosso mais sincero obrigado ao representante da Juventude Popular pelo facto de as suas declarações preconceituosas demonstrarem - melhor do que fariam, por si, as 14 associações gays e lésbicas empenhadas a nível nacional nas comemorações deste ano - porque julgamos tão necessária a realização destes eventos na cidade do Porto.

Com os melhores cumprimentos,

pelo GTH-PSR

Sérgio Vitorino

 
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