A Opus Gay considera justa mas extemporânea a proposta do Bloco de Esquerda de extensão aos casais homossexuais do direito de adoptarem.
A Opus Gay considera justas TODAS as propostas que contribuam para uma igualdade de direitos e para a não discriminação em função da orientação sexual. A homoparentalidade é uma situação familiar normal e que não levanta qualquer problema para as crianças.
No entanto, não nos parece que esta questão seja uma questão oportuna no sentido em que não existe maturidade na política e na opinião pública portuguesa que permita negociar e defender esta proposta com sucesso.
A OPUS GAY ESTRANHA QUE EXISTAM PARTIDOS COM TANTA VONTADE DE DEFENDER OS ASPECTOS MAIS VANGUARDISTAS DA NOSSA LUTA MAS SÓ HÁ POUCOS DIAS TENHAM ERGUIDO TIMIDAMENTE A VOZ CONTRA A CONFUSÃO ENTRE HOMOSSEXUALIDADE E PEDOFILIA, numa atitude pedagógica que deve pertencer a todos os partidos. MAS, ONDE ESTÃO ELES TAMBÉM A APOIAR-NOS NOUTRAS LUTAS QUOTIDIANAS, COMO AS OFENSAS DE QUE TEMOS SIDO SISTEMATICAMENTE ALVO NOS MEDIA, A TRANSPOSIÇÃO IMDEDIATA DE LEGISLAÇÃO CONTRA A DISCRIMINAÇÃO NO TRABALHO, A CRIACÇÃO DE UM ÓRGÃO FISCALIZADOR DESTA DISCRIMINAÇÃO E ATÉ, PRECISAMENTE NA ÁREA DA FAMÍLIA AGORA EM CAUSA, O NÃO TERMOS ACESSO AO CASAMENTO CIVIL, A NOSSA EXCLUSÃO DO CONSELHO CONSULTIVO DOS ASSUNTOS DE FAMÍLIA E A AUSÊNCIA DE REGISTO DAS UNIÕES DE FACTO, o que fragiliza o seu reconhecimento no país e na União Europeia.
Todos estes aspectos têm muito maiores condições de serem política e partidariamente negociados com efectivo sucesso e sem criarem resistências excessivas em sectores conservadores da nossa sociedade, que têm de ser mais esclarecidos sobre questões para eles sensíveis, como a homoparentalidade.
DIVERGÊNCIAS COM AS RESTANTES ASSOCIAÇÕES QUANTO AO AGENDAMENTO DESTAS QUESTÕES
1) Quanto ao agendamento político a Opus Gay é muito mais cautelosa na defesa desta medida, E NÃO ESTEVE NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA, pelas razões acima expostas. No entanto, em documento das restantes organizações lgbt "El gêbêtê", lê-se na secção "Adopção e Parentalidade": "Antes de retomar esta luta talvez fosse de levar a bom porto outras igualmente prioritárias como é o caso da regulamentação das uniões de facto [que, na perspectiva dos juristas da Opus Gay não carecem de qualquer regulamentação, somente de possibilidade de registo] e da alteração do artº 13º da Constituição [que, na perspectiva da Opus Gay deve transformar-se na questão da relação entre a Constituição Portuguesa e a Constituição Europeia, que incluirá a não discriminação com base na orientação sexual] (...)". APESAR DE ENTUSIASMADAS CONFERÊNCIAS DE IMPRENSA de organizações em que a generalidade dos dirigentes são militantes do Bloco de Esquerda (ver nota), TODOS RECONHECEMOS QUE HÁ OUTRAS MEDIDAS MAIS PRIORITÁRIAS.
2) Quanto ao agendamento mediático a Opus Gay lamenta que esta questão seja a única questão lgbt a fazer manchetes na imprensa portuguesa, lamenta que esta questão invisibilize dezenas de outras, lamenta que esta questão seja usada por muitos media para RADICALIZAR A LUTA LGBT DUMA FORMA QUE NÃO CORRESPONDE À VERDADE e que somente aumenta as resistências sociais contra ela.
António Serzedelo 962400017
Nota:
Presidente da Não Te Prives, Paulo Vieira
Presidente do Clube Safo, Fabíola Cardoso
Presidente da Ilga Portugal, Manuel Morais
Gestor do Portugal Gay.pt, João Paulo
e claro, Sérgio Vitorino, dirigente do Grupo de Trabalho Homossexual do PSR, partido membro do Bloco de Esquerda
Comentário PortugalGay.PT
Sem prejuízo de uma resposta mais abrangente a este comunicado o PortugalGay.PT gostaría de esclarecer o seguinte:
1-a OpusGay "não esteve na conferência de imprensa" porque não foi convidada devido às suas posições recentes sobre este assunto.
2-além de não percebermos qual o problema de ser militante de um partido (ainda por cima um partido que tem por diversas vezes defendido os direitos dos GLBT no parlamento), parece-nos ainda mais incompreensíveis a inclusão na referida lista de Manuel Morais e de João Paulo que nunca foram militantes do Bloco de Esquerda.
3-não nos parece de todo correcto utilizar expressões cínicas como "entusiasmadas" para classificar uma conferência de imprensa séria sobre um assunto que afecta directa ou indirectamente milhares de Portugueses não esquecendo aqui que estamo-nos referindo tanto os possíveis adoptantes como aos possíveis adoptados.
João Paulo
Editor PortugalGay.PT
5 Junho 2003
Veja Também...