Ser Lésbica...
O teu perfume,
ainda me prende no desejo de te amar!
O vazio do tempo
sem tempo...
sem mar,
sem o sabor de outrora.
Os fios dos teus cabelos prendem-se
entre os meus dedos
tecendo a minha alma
de saudade esculpida pela dor
rasgada pelos gumes, golpeiam trajectos
de revolta inalada pelos impulsos
dos caminhos que se cruzam
pela presença dos mais indignados
seres que me alimentam
com o gelo da mármore
que reveste outro ser em mim...
Nada dizem,
nada ditam,
contudo cravejam-me os sentidos
a razão presenteada sobre o justo
o se...
Inebriam-me com os seu amargos cálices
de fel,
Apelo a todos os meus eus, a todas as minhas almas
Ergam-se da mais remota
montanha e façam-me justiça!
Grito aos Deuses mais longínquos
deixem-me amar
por mais infame que pareça
por mais proibido que seja este sentimento
que tanto me atormenta,
perante a injustiça daqueles
que nada sabem...
mas que julgam!
Encontro
Encontro-te
na saudade do meu corpo
abandonado
pela distância da música
que nos une...
Recordo-te
nas folhas dum presente
lânguido
pelo rápido desfolhar do passado
transformado em cinzas
ardentes.
Nesta atmosfera
platónica
eu vou limpando toda a urze
que brotaste no meu caminho
tardio...
Saudade
Sinto saudade
de um tempo
sem
tempo.
Recordo-te
no estilhaçar
do meu acordar
singelo.
Adormeço
no leito dos teus lábios
cobertos pela seda
que envolve os nossos seios
hirtos de prazer...
És uma página
cheia de grafemas
insólitos
que gravas ma minha morfologia pouco
viva.
...
Ainda
um
dia...
laraneses
Abril 2003