Dez 2006
ATIVO E/OU PASSIVO, ÉS A QUESTÃO?*
Valdeci Gonçalves da Silva
**
RESUMO:Com base na
dissertação de mestrado "Faca de dois gumes: percepções da bissexualidade
masculina em João Pessoa-PB" (SILVA, 1999). Em cuja pesquisa de campo foram entrevistados sete bissexuais michês e sete bissexuais
não-michês. O presente ensaio procura se aprofunda nas discusões sobre a
construção dicotômica das representações dos papéis ativo/passivo na relação
homoerótica, por meio de uma nova revisão bibliográfica que faz um percurso
histórico da questão desde a Grécia Antiga até as suas implicações nos dias
atuais.
Palavras-chave: Representação Social; Homoerotismo; Ativo/Passivo.
1) INTRODUÇÃO
"Senhor, liberta minha alma do visco da
concupiscência!" (Santo
Agostinho).
Os
véus remanescentes dos tabus que envolvem a sexualidade atual, têm sua origem
no cristianismo que inseriu a culpa naquilo que se qualifica de carne (CATONNÉ,
2001). Santo Agostinho foi o pensador teológico que enxertou esse ódio ao
sexo. Na sua ótica, o prazer sexual é o que transmite o pecado original às
gerações, assim, a relação sexual teria, unicamente, a função reprodutiva. Para
Fílon da Alexandria, contemporâneo de Jesus, quem causa a destruição do sêmen é
inimigo da natureza. Em vista disso, compara o homossexual ao mau agricultor
que deixa a terra fertil e moureja num solo do qual não se espera nenhum fruto
(RANKE~HEINEMANN, 1996).
Os proibicionistas do homossexualismo não se baseiam essencialmente
nas Escrituras, mas na tradição filosófica da lei natural (Sullivan, 1996). Porém, nenhum teor de
condenação ao homoerotismo
1 parece superar a Bíblia Sagrada quando
diz: "Se também um homem se deitar com outro homem, como se fosse mulher, ambos
praticaram coisa abominável; serão mortos; o seu sangue cairá sobre eles"(LEVÍTICO,
1993: 113. Cap. 20, ver. 13). Em síntese, não é possível precisar se é a
atribuída degradação da união sexual masculina e/ou a sua esterilidade que
atenta à procriação, como razão(ões) para abominação da homossexualidade, no
caso aqui tratado, a masculina.
Segundo Forcano(1996), o homossexual assume perante a vida e a
sexualidade uma atitude passiva, própria da mulher. Este autor associa o
homoerotismo à postura feminina na época da submissão. O termo "passivo" remete
à figura do homossexual com a "visibilidade do
estigma", ou seja, daquele que apresenta atitudes que identificam sua
preferência sexual (GOFFMAN
apud SELL, 1987). Sobre esse tipo visível se
deposita a mais intensa discriminação. E a intolerância social poderá puní-lo
com violência simbólica à drástica, a exemplo de que, nos últimos quinze anos,
mataram no Brasil mais de 1500 gays e travestis, vítimas de crimes
2
homofóbicos. Este número, no entanto, é uma estimativa, uma vez que nem todos
os casos são notificados ou sua divulgação não extrapola a região onde ocorreu
o homicídio.
Na visão do senso comum, todo homossexual, necessariamente, se
enquadra no estereótipo persistente de um homem, segundo Dover (1994), com
traços delicados e fisico frágil, e que imita as mulheres, e por isso mesmo é,
apropriadamente designado de "boneca" ou "bichinha" (grifos do autor). Do contrário, o homossexual ativo para o qual, no Brasil, se criaram
os termos bofe, fanchão, etc. (PARKER, 1991), tende a ganhar
status de
mais macho. Nesse sentido, Fry (1982: 68) diz que, "com muito poucas exceções,
os machos que 'comem'
3 bichas não são classificados de maneira
diferente dos 'homens verdadeiros' devido ao seu desempenho do papel ativo".
Ao longo deste texto serão discutidas as representações
ativo/passivo, no intuito de lançar um pouco de luz sobre essa questão na
relação homoerótica masculina.
2) A ORIGEM DA DICOTOMIA ATIVO/PASSIVO
Os
papéis ativo/passivo consistem num aspecto problemático que, geralmente,
angustia os homens que se aventuram nos limites que separam a homossexualidade
da heterossexualidade. A oposição binária ativo/passivo
encontrou esse modelo homólogo na natureza, a exemplo de
dentro/fora e
outros. Um esquema de dominação em cuja cópula a fêmea é "tomada" pelo macho.
Esse mesmo princípio se aplica às relações sexuais intermasculinas, onde o
em
cima/em baixo é substituído por
frente/trás. Desse modo, o insertor
adquiriu a suposta superioridade sobre o insertado (RIVERS
apud PERLONGHER, 1987; BOURDIEU, 1998).
Desde a Grécia Antiga a virilidade do varão, mesmo que no coito
homoerótico, é valorizada. Dover (1994) salienta que os homens ao passarem
muito tempo juntos e longe de mulheres, assim como a masturbação, se servem da
relação anal, sem constrangimento. Mas a intactabilidade do ânus se traduz por
macheza e, por consequinte, no critério que diferencia os homens ativos dos
homossexuais passivos. Logo, o sujeito que, na relação sexual com outro, se
permite passivo, é tido como desvirilizado e passa a ser desqualificado
enquanto cidadão.
Na
cultura brasileira, o sexo está fortemente associado à comida. Assim sendo, os
termos
receptor e
introdutor são também interpretados no sentido
de
dar e
comer. Ironicamente,
quem dá é o receptor,
enquanto
quem come é o introdutor (HUMPHREYS
apud FRY, 1982). A
diferença entre "comer quem" e "quem foi comido" adquire uma postura
hierarquizada de dominação do "comedor" sobre o "comido" (PARKER, 1991;
DAMATTA, 1997; BOURDIEU, 1998). O correspondente heterossexual do
comedor
no homoerotismo é a figura do
bofe. No entender de Mantega (
apud FRY, 1982),
trata-se de um preconceito forjado
pela cultura e introjetado pelos indivíduos de mentalidade machista que, ao
desempenharem o papel sexual "ativo", acreditam-se excluídos da homossexualidade.
Todavia,
a depender do ângulo de percepção, essas condutas se confundem, pois, falar em
comportamentos passivos ou ativos é semelhante a decidir se um copo com água
até a metade está meio cheio ou meio vazio (SCHAFER
apud GRANÃ, 1996). Assim,
considerada a observação acima citada, daqui em diante, quando se fizer
necessário, os termos ativo e passivo serão aspados.
3) O HOMOEROTISMO NA HISTÓRIA E SUAS IMPLICAÇÕES NA ATUALIDADE
Os gregos antigos tinham na "pulsão" um único desejo que era
direcionado para aqueles que são
kalos (belos), independente de ser
macho ou fêmea. No entanto, caberia ao homem o domínio de si, pois aquele que
não fosse dono do seu prazer era considerado "feminino" (FOUCAULT, 1994;
CATONNÉ, 2001).
O menino(
pais4 ou
paidika) grego
era iniciado pelo amante, um homem idoso (
erastes) que tinha a
função de inserir o amado jovem (
eromenos), livre de nascimento, nas
responsabilidadesde cidadão. Assim, verdade e sexo se ligavam no
repasse do saber. A pederastia é, portanto, nesse contexto uma relação normal e
certamente não contra a natureza (FOUCAULT, 1993; DOVER, 1994; CATONNÉ, 2001).
Contudo, essa experiência não afastava os riscos de não
restringir-se apenas a objetivos pedagógicos. Platão (1989) colocava em dúvida
a eficácia desse método, pois temia que no futuro os rapazes ficassem viciados.
Para CATONNÉ (2001), parece injusto considerar esse ritual de homossexualidade,
e, sim, de relação entre pessoas do mesmo sexo ou homofilia. Ainda, segundo
este autor, na esfera do privado, o homem grego tinha relação sexual com sua
mulher e suas concubinas. E, na qualidade de homem público, gostava dos rapazes
com os quais as esposas não concorriam. O adulto jovem e ativo, após o
casamento, seguia esse estilo de comportamento.
Segundo os
postulados de Freud (1925-1989), todos os indivíduos têm disposição bissexual,
assim como os fundamentos junguinianos sinalizam para elementos femininos (
anima)
na constituição do homem e masculinos (
animus) na mulher (CARDOSO,
1997). Além do mais, Cucchiari (1996) e Berger & Luckmann (1997) concebem a
sexualidade humana como de natureza plástica e de relativa independência dos
ciclos temporais. Todos estes pressupostos vem ao encontro dos argumentos de McDougall
(1997) quando diz que uma das mais graves feridas narcísicas da infância é de
se chegar a uma definição monossexual. Conforme Catonné (2001), a ética sexual
da Antigüidade orienta para reprodução, sem romper com a bissexualidade. Por
outro lado, é o cristianismo que opera esta ruptura, e, na tradição hebraica,
São Paulo passa a condenar a homofilia como um ato "contra a natureza".
Os rituais de
passagem, geralmente traumáticos, têm como objetivo eliminar os resíduos do
sexo oposto no iniciado e testar sua resistência aos apelos homossexuais para
que atinja a "pura masculinidade". O povo judeu, por exemplo, reconhece a
androginia no campo do sagrado, mas não permite qualquer vestígio da fêmea na
imagem do homem. A circuncisão, de um certo modo, significa a recusa da
bissexualidade (GILMAN, 1994).
Entre os
cerimoniais de iniciação, os mais longos (etapas que duram de cinco a quinze
anos) e exigentes estão o dos Sambia, da Nova Guiné: os meninos são chicoteados
com urtiga até liberar pelo nariz os líquidos femininos. Em vista disso,
praticam a felação e copulam com jovens celibatários, isto é, que não foram
contaminados pelas mulheres. Acreditam que é através do esperma que se
transmite a identidade masculina e a competência viril (BADINTER, 1993).
No mundo contemporâneo, Parker (1991: 88) entende que "...o homem é
capaz de preservar sua identidade masculina, devido ao seu desempenho do papel
ativo [...] assim como o viado sacrifica sua identidade masculina adotando o
papel sexual passivo". Nessa perspectiva, Cáceres (1999) diz que a relação
sexual entre dois homens é entendida como impossível sem que um deles cruze os
limites do simbólico que possibilita esse contato, e, assim, não perca sua
condição de varão.
Estas afirmativas reforçam a noção do poder de hierarquização do
"ativo" sobre o "passivo". Entretanto, esses parâmetros não parecem seguros
para analisar a conduta homoerótica. Pode-se questionar o porquê de se
considerar que apenas um dos parceiros cruza esse limite do simbólico? Então
seria a relação sexual um fenômeno unilateral? Uma vez que os homossexuais
passivos nem sempre abrem mão das características masculinas. Sendo assim,
parece mais coerente admitir que ambos os parceiros homoeróticos rompem a
barreira que separa o heterossexual do homossexual. Daí, é irrelevante querer
saber quem, nessa interação, se coloca "passivo" ou "ativo".
Nesta
sociedade e em algumas outras, o homoerotismo ainda suscita um ranço de
anormalidade, em especial em relação ao "passivo", uma vez que repudia o papel
sexual e, às vezes, até a conduta social prescrita a pessoas do seu sexo
biológico. Apesar disso, ele não abandona sua identidade masculina como
acredita Parker. Nem mesmo o travesti deixa de ter consciência de que é um
homem. Ele apenas faz de conta, da melhor maneira possível, de que é mulher. A
identidade de gênero, entre outros, somente está em "desacordo" no
transexualismo. Nesse sentido, Stoller (1982) afirma que o transexual não tem
relação sexual com o sexo oposto, assim como não se interessa pelo seu genital,
seja como símbolo masculino ou expressão erótica. Do contrário, o homossexual
seja ou não travesti gosta de ter seu pênis e não o quer perder em hipótese
alguma.
Parker
(1991) salienta que na cultura brasileira quando o sujeito não consegue
corresponder ao ideal masculino, é tratado de forma depreciativa, em oposição à
imagem do machão e do pai, considerados "verdadeiros homens". Assim, diante das
exigências da sociedade, resta ao homossexual assumir o que sobra, isto é, no
entender de Costa (1992), a figura do homem
manque (do francês: incompleto,
em falta e outros). Ainda na opinião de Parker, ao passivo se atribui o
estatuto de meio-homem, conhecido como bicha (literalmente verme) ou viado, e
esta expressão foi associada ao animal
veado por ser mais frágil e
delicado. Porém, de acordo com a Cartilha ABC dos Gays (1996), é somente no
Brasil que se faz esta conversão. No continente europeu, o veado representa a
masculinidade e é símbolo de alguns países. Da mesma forma que o termo
gay,
surgido em 1960, nos Estados Unidos e na Europa, para substituir o vocábulo
"homossexual", por estar ligada ao crime e à doença etc, aqui também adquiriu
conotação pejorativa.
As
sociedades, em geral, esperam do indivíduo "normal", do sexo biológico
masculino que desempenhe o papel do seu gênero. Por conseguinte, "...será
considerado patológico ou perverso o desejo sexual dirigido a outro objeto que
não seja o corpo da mulher" (VILLELA, 1999: 201). No entanto, se for "ativo"
e/ou provedor de prole, não deixa de pertencer ao grupo dos machos. Como diz Badinter
(1992), ninguém ousa zombar de quem faz o papel ativo.
Para esse imaginário,
o sujeito passivo é incapaz da ereção e/ou da penetração, principalmente em
relação ao sexo oposto. Na opinião de Costa (1994), de fato isso ocorre,
mas quando se trata de homossexual heterofóbico.
Mas
não se constitui numa regra que na prática homoerótica não haja troca de
papéis. Ramirez (1995: 79) afirma que "...no ambiente homossexual os pênis
grandes são altamente valorizados e desejados". No caso do michê
5,
quando desprovido de tais características, ele as simula, e estas encenações de
virilidade podem se desmanchar na presença do cliente com atitudes mais viris
do que as suas (RAMALHO, 1979). A esse respeito, Velho (1986: 45) comenta que "a
oscilação e a ambigüidade, produzida pela coexistência de códigos diferentes,
nem sempre se manifestam através de sinais tão evidentes".
Enfim,
os homoeróticos "ativos" temem perder a condição de machos e lutam para
preservá-la. Para isso, como será visto a seguir, evitam as zonas erógenas
potencialmente vulneráveis.
4) A BOCA E O ÂNUS: ZONAS ERÓGENAS QUE AMEAÇAM A MASCULINIDADE
Os gregos antigos consideravam a diferenciação entre
papéis ativo ("dominante") e passivo ("receptivo" ou "subordinado") de profunda
importância (DOVER, 1994 - grifos do autor). O
eromenos respeitável não
buscava prazer sensual, ao menos não muito ostensivamente, e, sim, em proporcionar. Recusava-se a qualquer contato, enquanto o
erastes, que jamais
permitiria a penetração de qualquer orifício do seu próprio corpo,não
se mostrasse merecedor da concessão de seus favores (WESTWOOD
apud
DOVER, 1994; FOUCAULT, 1994; CATONNÉ, 2001).
Aquele que infringisse as regras era remetido à
categoria das mulheres e estrangeiros. Assim, como os que faziam tudo para
atender as vontades do parceiro mais velho, eram tidos como prostituídos. A
penetração anal não consistia numa expressão de amor, mas num ato agressivo de
demonstração de superioridade, e era indigno assumir-se passivo após a
adolescência. O coito homoerótico dos gregos, em tese, se dava de maneira
intercrural e interfemural. Os romanos antigos também cultuavam o gosto pela
virilidade, expressão livre da sexualidade, e nutriam ódio em relação à
passividade que correspondia a servidão, papel que caberia unicamente a escravos
(DOVER, 1994; CATONNÉ, 2001).
Dos sujeitos entrevistados
6 na pesquisa de "Faca
de dois gumes: percepções da bissexualidade masculina em João Pessoa/PB" (SILVA, 1999), a maioria dos michês e não-michês não aceita sua condição
homoerótica, ambos efetivam suas práticas sexuais dentro de certas restrições.
O corpo é compartimentado em áreas que podem ou não ser exploradas. Assim, o
ânus e a boca encarnam os territórios mais proibidos, talvez pela alta
sensibilidade da mucosa que os envolvem, e que poderá precipitá-los na
imediatez de uma excitação irrestrita.
Le Breton (1998) considera o beijo como um gesto de
afeto e de afirmação do vínculo com o outro enquanto que Golse (1998)
interpreta o beijo na boca como um simbolismo substitutivo do coito propriamente
dito, no qual a língua equivale ao pênis. Essa simetria permite uma série de
inversões, que levam a sucessivos e alternados papéis "passivo" e "ativo". O
beijo na boca elimina as diferenças, pondo-as em nível de igualdade. Por isso,
ele se torna ainda mais ameaçador para esses indivíduos. Com as devidas
restrições, os michês estabelecem um valor único para comercialização da sua
sexualidade. Em outros Estados brasileiros, michês se negociam "passivos". Caso
haja pressão do cliente, quando na intimidade, sem esse acordo prévio, o mesmo
pode sofrer algum tipo de agressão, etc. No universo pessoense, se fala de um
michê que "faz tudo", ou seja, que também se permite passivo, mas não o
identificam.
O sujeito homoerótico "passivo" contraria toda uma construção social
do que se determina masculino. O ânus intacto parece significar o poder
imaculado do macho. Se deixar penetrar, é perder essa qualificação. Em virtude
disto, muitos michês e não-michês jovens vivem de sobressalto de que o
homoerotismo afete suas características de homens másculos. Isto fica implícito
ou explicito nas falas desses atores sociais.
5) AS FALAS DOS SUJEITOS HOMOERÓTICOS
Os romanos antigos julgavam a felação como ainda mais
vergonhosa do que a homofilia passiva (CATONNÉ, 2001). Alguns entrevistados
parecem confirmar que as atitudes ativo/passivo de fato se confundem. De modo
que alguns michês se colocam passivamente para seus clientes em relação ao
felátio:
"Na cama tem que fazer comigo, fico parado. [...] ele me chupa,
depois eu o 'como'" (C
7., 19 anos,
michê, 5
a série, sem profissão, separado da mulher, com uma filha
de 1 ano);
"Gosto quando ele faz 'boquete'8, né?" (E., 20 anos, michê, 2º grau,
eletricista desempregado, solteiro, com um filho de 1 ano).
O papel do macho, na cultura brasileira, incorpora
aspectos e valores com idéias que, para honrá-los, terão de ser penetradores,
racionais e emocionalmente controlados (GIKOVATE, 1989; PARKER, 1991;
OLAVARRÍA, 1999). No entender de Nolasco (1986), não se constitui numa tarefa
fácil renunciar a uma representação de si com qualidades extraordinárias e
promessas grandiosas que, durante anos, lhes serviram de modelo.
A maior parte dos entrevistados, principalmente os
michês, como uma forma de proteção da própria masculinidade, procuram se
diferenciar do seu objeto sexual que transforma num outro objeto ("sexo
oposto"). Ou, na tentativa de aumentar a fronteira imaginária que os separa,
atribui ao cliente a condição homossexual como inata. E desta eles próprios se
julgam despossuídos. Enfim, compactuam com a ideologia dominante que
desqualifica o sujeito "passivo":
"...nunca saí para acontecer do homem querer me penetrar. Isso nunca
aconteceu, nem vai acontecer de jeito nenhum. Esse lance dele me penetrar, não.
Isso é uma coisa que para mim não tem lógica, não. [...] O cara se permitir a
isso, eu acho que é viado mesmo, ... " (A., 22
anos, michê, 7
a série, soldado engajado do
exército. Tem mulher e uma filha de 7 meses);
"É a mesma coisa que fazer sexo com a mulher. Na cama é do mesmo
jeito, normal9" (B., 18 anos, michê, 5
a série, solteiro);
"Por hipótese alguma serei passivo, por nada, eu sou um homem" (C., 19 anos, michê);
"Eu sou o homem, e ele, o outro, é a mulher" (D., 19 anos, michê, 8
a série, sem
profissão, solteiro);
"O cara já nasce com o dom de gostar daquilo, né?" (E., 20 anos, michê);
"Na hora que eu estou 'comendo', para mim é mesmo que ele ser uma
mulher" (F., 19 anos, michê, 7
a série, pedreiro, casado no civil);
"Dá a bunda não é comigo, não" (L
10, 19 anos, não-michê, comerciário, 2º grau,
solteiro);
"Tanto curto homem como curto mulher, nunca fui de dar..." (N., 21 anos, não-michê, eletricista desempregado, 1º grau incompleto, com um filho de 4 anos do relacionamento anterior. Vive
atualmente com uma mulher e tem um amante
11);
"Se eu fosse passivo, seria bichona: não é uma coisa normal para
mim" (O., 44 anos, não-michê, comerciário, 1º grau incompleto, casado, com um filho de 12 anos).
No coito anal
intermasculinos, com base nos papéis de insertor e insertado, sustenta uma
relação de poder. Isso se evidencia na fala de um dos bissexuais não-michê,
quando ele atribui a sua predominante conduta "ativa" à falta de hábito e à
coincidência de encontros com parceiros "passivos". Além da sensação de subjugo
e humilhação que essa situação lhe causa:
"Eu sou 90% ativo. As pessoas que
apareceram na minha vida foram passivas de certa forma. Ainda não me acostumei
fisicamente em ser possuído ou mesmo uma conotação de subjugado: acho às vezes
humilhante..." (J., 40
anos, não-michê, engenheiro, funcionário público federal, casado, sem filho).
Os michês "vendem" a imagem de machos viris. Para eles
se permitirem "passivos" significa não só perdas simbólicas, mas redução da
demanda de clientes (muitos não aceitam "michê que faz tudo") e a rejeição do
grupo de pares. Talvez, essa atitude não seja tão rígida quando na privacidade.
Enquanto alguns clientes manifestam o desejo de penetrar o michê. Dois michês
receberam esse tipo de investida e, de pronto, recusaram. Um outro michê se
permitiu a tentativa, embora frustrada, de ser penetrado:
"Só uma vez. Mesmo assim, eu pulei logo da cama, vesti minhas roupas
e fui embora" (C. , 19 anos);
"Já tentaram muito, mas eu nunca quis"
(D., 19 anos);
"Na hora, aquela sensação assim, ele [o cliente]botando, eu não, eu
não gosto não, eu não quero não!" (F., 19 anos).
Em
algumas práticas sexuais os excrementos adquirem um conjunto de significados
eróticos para intensificar o prazer. Nesse contexto, chamar o outro de sujo ou
convidá-lo a fazer uma sujeira, consistirá num jogo de excitação (PARKER,
1991). A atividade do michê não parece contemplar essa simbolização. Os
excrementos são detestáveis ou, no mínimo, toleráveis. Talvez, porque a prática
homoerótica não tenha motivos para perverter, uma vez que a sodomia, em si
mesma, é considerada pervertida:
"Tem muitos (clientes) que não são limpos, quando sai aquela meleca,
virgem Maria!, gosto nem de falar..." (D., 19
anos);
"Tenho a pior raiva" (F., 19 anos).
Os demais, ou não fizeram referência ou aceitam, apesar de incômodo,
como algo corriqueiro nesse tipo de ato sexual, conforme manifesta este michê:
"Normal,
ninguém sabe que vai melar ou não, né? Não é por isso que o cara vai ficar com
raiva. Às vezes, quando o cara 'faz tudo' com a mulher, também não acontece a
mesma coisa? Acabou, tira a camisinha e pronto: ali não mela nada, toma banho,
lava" (E., 20 anos).
O
beijo na boca como fonte de estimulação sensorial, ou seja, como porta da
intimidade afetiva e erótica, é, de maneira geral, inconcebível para alguns
michês, e não tem preço:
"Na cama pode me cheirar, me abraçar, mais
me beijar, não!" (C., 19
anos);
"Beijar na boca, nunca! Beijo, não!"
(D., 19 anos);
"Beijo não tem não!" (F., 19 anos).
5.1 O pênis como instrumento de agressão
O pênis em sua turgidez tem origem na palavra
aâmmar,
que significa "preencher", "prosperar". De estar cheio de vida e também de
encher de vida. Esse esquema cheio/vazio está presente no poder masculino da
ação fecundante ou do prazer sexual (BOURDIEU, 1998). Mas, às vezes, o pênis é
manipulado com intenção agressiva ou adquire uma metáfora ligada à violação (RASMUSSEN
apud
Parker, 1991). Para alguns michês a penetração é um ato de
violência, e esta conotação, de uma certa forma, os resguarda de uma possível
"passividade anal":
"Eu não queria ficar na pele dele
(cliente), não" (D., 19
anos);
"Fazendo com o cara (cliente), eu sei como
é aquele negócio" (E., 20
anos);
"Sou todo toro12. Quando eu pego não tem boquinha
(manha), não [...] é para torar" (F., 19 anos).
Enfim, apenas dois bissexuais não-michês
manifestaram preferência "ativos"/"passivos". Porém, devido à baixa freqüência
desses casos, não foi possível identificar os pontos em comum que norteiam essa
permissividade:
"Ativo e passivo tanto faz os dois" (H., 29 anos, fiscal do Estado, 2º grau, com dois filhos da relação anterior e um filho com a atual
parceira);
"Eu sou passivo e sou ativo" (I., 28 anos, comerciante, 3º grau incompleto, solteiro).
6) CONSIDERAÇÕES FINAIS
A maneira depreciativa de encarar a conduta homoerótica "passiva",
seja qual for a sua nomeação, tem perpassado os séculos. Dos gregos antigos aos
dias atuais, se atribui poder hierárquico à dicotomia "ativo"/"passivo", e uma
suposta superioridade a quem desempenha o papel "ativo" (RIVERS
apud PERLONGHER,
1987; Parker, 1991; Damatta, 1997; Bourdieu, 1998).
As sanções recaem sobre aquele que se permite "passivo". Desse modo,
o bissexual ou homossexual "ativo", da mesma forma que o homossexual "passivo"
sem a "visibilidade do estigma", não se tornam alvos diretos da discriminação.
Portanto, a questão não é exatamente a "passividade", mas, uma vez que adote
essa postura, que não a torne visível. Do contrário, será submetido a
perseguições explicitas ou veladas do seu meio social.
A simples atração sensual de um homem por outro não o
caracteriza, segundo Costa (1992), como "verdadeiro homossexual", mais decisivo
é o vínculo espontâneo de sentimento terno. Porém, a forte opressão
heterossexista de culturas com ideologia machista parece justificar a
ambivalência e a dificuldade desses atores sociais de se aceitarem enquanto
agentes homoeróticos "ativos" e, em particular, enquanto "passivos". Por causa
disso, é compreensível que eles se mantenham em sigilo, neguem para os outros
e/ou até para si mesmos a sua preferencial conduta homoerótica. Para Freud (
apud
GAY, 1991: 94), "os seres humanos podem saber e não saber ao mesmo tempo,
entender intelectualmente o que emocionalmente se recusam a aceitar".
Alguns homoeróticos atribuem ao outro o lugar do
feminino, como se o insertado fosse uma mulher; enquanto michês impõem limites
de exploração erógena na sua prática, e, assim, se sentem diferenciados e
seguros para depreciarem o "passivo". No entanto, resta saber se esses sujeitos
estão defendendo o próprio desejo de não serem "passivos" ou, apenas,
submetendo-se ao querer social de que eles, enquanto machos, sejam sempre
"ativos"? Sartre (1997: 488) afirma que "o desejo não é absolutamente um
acidente fisiológico, um prurido de nossa carne que, fortuitamente, poderia
aferrar-nos na carne do outro".
Os sujeitos de atitude e/ou conduta sexual
ativa/passivo parecem confirmar o postulado freudiano da condição bissexual
inata e da natureza plástica da sexualidade humana defendida por Cucchiari
(1996), Berger & Luckmann (1997).
Finalmente, durante milhares de anos, o
homossexual "passivo" foi vítima da falta de hospitalidade devido à
interpretação errônea da história de Sodoma e Gomorra, no entanto, o verdadeiro
crime continua se repetindo diariamente (McNEILL
apud FORCANO, 1996). Assim sendo, na
"invisibilidade" do teatro subterrâneo em que o homoerotismo, geralmente
fortuito e clandestino, se manifesta os ditos "passivos", com os quais os
"ativos" contracenam, deixam de existir, por vezes em definitivo, enquanto as
cortinas dos objetivos michês, devido à complacência social, não fecham.
NOTAS
1. Costa (1992) prefere o vocábulo homoerotismo que é, segundo
ele, mais flexível e parece descrever melhor a pluralidade das práticas, além
de excluir toda e qualquer alusão à doença, desvio, anormalidade, perversão etc.,
que a palavra "homossexual" denota.
2. MOTT, Luis (1995).
Chega de enrustir. Veja, São Paulo, n. 22, p. 7-10, 31 mai. (Entrevista)
3. DaMatta (1997: 60) ressalta que "...as comidas se associam à
sexualidade, de tal modo que o ato sexual pode ser traduzido como um ato de
'comer', abarcar, englobar, ingerir ou circunscrever [...] aquilo que é (ou
foi) comido. Assim, a relação sexual, na concepção brasileira, coloca a
diferença e a radical heterogeneidade, para logo em seguida hierarquizá-las no
englobamento de um comedor e um comido".
4.
Pais
= menino (plural
paides) ou
paidika , este termo também é usado no
sentido de
, particípio passivo masculino do
verbo
,
"amar" ou "apaixonar-se por". Enquanto
erastes, "amante", também do
, é aplicado
tanto ao relacionamento homossexual quanto heterossexual, é livre de ambigüidade,
e adotado por parceiros mais velhos (DOVER, 1994).
5. O termo
michê vem do francês
miché, que significa a ação de se prostituir; o
preço pago à prostituta (AUGRAS, 1995). Atualmente, este termo também usado com
referência à prostituição praticada por varões (garotos de programa) que não
abdicam das características masculinas (PERLONGHER, 1987).
6. Todos os entrevistados tinham aparência máscula. As
entrevistas seguiram um roteiro não muito rígido. Os michês, cuja relação
sexual com o cliente, é intermediada pelo interesse financeiro. Jovens na faixa
média de dezenove anos e oito meses. A maioria concedeu entrevista nos locais
de pegação -
"Campo de operação dos michês" (Perlongher, 1987: 168); e os
não-michês, cuja relação com o parceiro, é intermediada pela troca
afetiva/sexual, mas não necessariamente. E com os adultos, na faixa média de
trinta e um anos, as entrevistas foram realizadas em lugares diversos (garagem
do local de trabalho, proximidade da própria residência, rodoviária, etc.).
7. As letras que os identificam não têm nenhuma relação
com os seus nomes verdadeiros, apenas seguiu a ordem do alfabeto.
8. Os termos "boquete" ou "gravação" são usados no
universo gay com referência à felação.
9. O termo normal, usado por eles não tem a conotação
do seu oponente anormal ou patológico. Mas, no sentido comum, banalizado pela
freqüência com que o ato é praticado por esses jovens da mesma faixa etária e
nível sócio-econômico.
10. Pernoita na
casa do parceiro, um homem de meia idade, do qual recebe ajuda financeira.
11. Um homem de
meia idade, do qual sempre recebe ajuda financeira.
12. Associação com tronco de árvore
abatida "tora", devido à firmeza da ereção.
ABSTRACT: Is based nupon the M.A. thesis "Double-bladed Knife:
perceptions of male bisexuality in João Pessoa" (SILVA, 1999), whose field
research interviewed seven bisexual hustlers (michês) and seven were bisexual
non- hustlers (no- michês). The present paper it focus on the discussion over
the dichotomy in the representation of active/passive sexual roles in
homoerotic relationship by means of a new bibliographic review wherein the
author analyzes the issue in terms of historical origins from Ancient Greece
to present day implications.
KEY WORDS: Social representation; Homoeroticism; Active/Passive
roles.
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* Publicado com o
título original: A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DOS PAPÉIS SEXUAIS ATIVO E PASSIVO NAS
RELAÇÕES HOMOERÓTICAS, na Revista Sanitas(UEPB) - Ano 7, n. 14, mai de 2002.
** Psicólogo - CRP13/0535, Professor Titular de Psicologia da
Universidade Estadual da Paraíba-UEPB, Especialista em Metodologia do Ensino de
3º grau, Mestre em Sociologia da Sexualidade. (valdecipsi@hotmail.com).