O comité organizador do Dia Internacional Contra a Homofobia e Transfobia (IDAHO segundo as siglas em inglês), decidiu abordar este ano específicamente as questões sobre a transexualidade, ao cumprir 4 anos de actividade.
É uma questão urgente, adverte a organização: "a transfobia mata".
"As agressões físicas são sem dúvida o aspecto mais sinistro da transfobia", explica a organização. "Quer sejam travestis, transexuais, transgéneros, Drag queens, tod@s estão expostos à violência, às agressões, violações e assassinatos", acrescentaram.
De acordo com o IDAHO, geralmente "a polícia descura as investigações", e algumas vezes são os próprios agentes das polícias que "participam nas agressões". Sobretudo o comité lamenta que estas agressões, nos media, sejam "apresentadas como sensacionalistas mais ou menos obscuras, em três ou quatro linhas, perante a indiferença geral. Mas esta violência tem um nome: transfobia". Outra violência não tão evidente é o suicídio de trans "estigmatizados, rejeitados e acossados" com um impacto muito grande nos mais jovens.
Aos que consideram a transidentidade uma modernice, o comité relembra que tem existido em todas as eras e culturas. Como exemplos de comunidades que vivem à margem das sociedades mas que encontraram um espaço de liberdade, citaram os "two spirits" da cultura nativa norte-americana, os "Xaniths" do sultanato de Oman ou os "Masisis" do Haiti.
Embora as mentalidades tenham avançado desde a época em que se recriminava Jeanne D'Arc por usar armadura e vestir-se como um homem, ainda há muito por fazer, estima o IDAHO. Entre outras reivindicações, que as transgressões de género sejam retiradas da lista das doenças mentais. Os trans negam-se a continuar a ser "cidadãos sem direitos" e reivindicam um maior reconhecimento civil. "Os documentos legais são a problemática mais delicada", sublinham.
Para a OMS (Organização Mundial de Saúde), foi em 1996 que a transexualidade foi incluída na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CIM 10), no capítulo dos "Transtornos de Identidade de Género". Na Europa, todos os países salvo a Estónia, Hungria, Espanha e Grã-Bretanha, exijem actos cirúrgicos para se poder alterar a documentação legal. Qualquer formalidade como cruzar uma fronteira ou uma simples aplicação a um emprego, forçam as pessoas a "revelarem a sua transidentidade, um aspecto fundamental da sua vida privada".