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Segunda-feira, 5 Abril 2010 11:42

MÉXICO
Mulher transexual decapitada



PortugalGay.pt

Já tinha desistido de noticiar aqui os casos de violência, demasiadas vezes mortal, para com as pessoas transexuais, especialmente contra as transexuais femininas, alvo preferido, como é sabido, mas este caso é quase tão tétrico como o de Gisberta.


De uma forma talvez inédita no México (mas não a nível mundial, como se sabe), foi encontrado no Sábado o corpo de uma mulher transexual, na zona de Chihuahua, decapitado com o corpo e a cabeça encontrados a um quilómetro de distância um do outro.

Segundo as notícias, a descoberta deu-se pelas seis horas da manhã, na zona sul da cidade. Foi então encontrada a cabeça de uma mulher transexual, com sinais de ter sido decapitada ainda em vida, pois apresentava os olhos abertos e uma expressão de terror.

Sensivelmente a um quilómetro de distância foi posteriormente encontrado o restante corpo, vestido com uma blusa feminina preta, jeans e ténis brancos.

O corpo foi entregue ao Servicio Médico Forense para ser autopsiado. A investigação encontra-se a cargo da Unidad Especializada en Delitos Contra la Vida, que até ao momento não foi sequer capaz de identificar a vítima.

Este é o segundo ataque conhecido contra mulheres transexuais no espaço de um mês. Anteriormente uma jovem de nome Carola foi esfaqueada no ventre por um desconhecido.

Nos media continua-se a confundir conceitos e a menosprezar a comunidade transexual. Título da notícia no jornal El Heraldo de Chihuahua: Encuentran homosexual decapitado en Chihuahua.

Noutro registo de violência e discriminação contra as pessoas transexuais, dez homens agrediram Marlene no cabeleireiro onde trabalhava há dez anos.

Segundo informou à polícia, "um jovem que tinha ido umas cinco vezes cortar o cabelo tentou aliciar a colega de Marlene, também transexual, a comprar-lhe uma motocicleta, prometendo-lhe aceder a todas as fantasias sexuais que ela desejasse". Como a colega se negasse, este iniciou uma série de ameaças via telemóvel que "armaria um escândalo" e as acusaria de "abuso de menores".

Ambas foram ao ministério público apresentar uma queixa, embora nunca imaginassem "que se cumpririam as ameaças".

Na passada quarta-feira encontrava-se só Marlene no estabelecimento quando, por volta das 16h 30m irromperam mais de dez homens, agredindo-a enquanto lhe gritavam impropérios como "paneleiro" e "abusador de menores". Roubaram-lhe também as ferramentas de trabalho e a sua documentação pessoal oficial.

A polícia conseguiu apanhar dois dos agressores, o jovem mencionado anteriormente cliente do cabeleireiro e um outro. No entanto as ameaças de as acusarem de abuso de menores continuam. "Por sermos transexuais estamos propensas a este tipo de situações, pois ao menor de idade, por o ser, poderá ter maior credibilidade que nós, as agredidas".

Marlene, sem documentos, teve de parar de trabalhar, e o cabeleireiro encontra-se encerrado desde essa tarde.

Rocio Suàrez, activista transexual da Travestis México, assinalou a respeito deste caso, que é necessário sublinhar que houve discriminação durante a agressão e entender-se que Marlene foi agredida por ser transexual.

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