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Sábado, 3 Março 2012 11:39

ITÁLIA
o lado negro



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De Itália não chegam notícias nada abonatórias para um país que foi uma das maiores e mais influentes civilizações da história europeia. A violência e a transfobia imperam com o apoio silencioso da Santa Sé. E as pessoas transexuais e transgénero são quem mais sofrem.


A 02 de Fevereiro é encontrada morta Patrícia (Lutenberg Da Silva Barrus), mulher trans imigrante brasileira de 36 anos. Tinha uma faca espetada no peito e uma t-shirt enrolada à volta do pescoço. A porta de casa estava fechada com a chave por dentro, portanto a polícia não descarta a hipótese de suicídio, corroborado por testemunhos de amigas que informaram que Patrícia andava deprimida.

A 15 de Fevereiro Irina Marcio Ferreira, mulher trans imigrante brasileira, trabalhadora sexual, é esfaqueada por duas vezes por um cliente depois de uma discussão. Encontra-se em estado crítico num hospital.

16 de Fevereiro, um proxeneta de 63 anos é detido em Treviso por forçar algumas mulheres trans a prostituírem-se. Espancamentos extremamente violentos estavam na ordem do dia.

A 18 de Fevereiro noticia-se que dois carabinieri (GNR de Itália) de Mantua (Lombardia) são considerados culpados de variadas acusações de desvio de fundos públicos, abuso de poder, ameaças e violência sexual, depois de uma longa investigação. Entre as acusações figura a do aproveitamento do seu estatuto de autoridades para forçarem duas mulheres trans imigrantes brasileiras a manterem relações sexuais com eles, ameaçando-as inclusivé com a ameaça de expulsão se não acedessem aos seus desejos.

Pela mesma altura, na Sicília, Michelle Santamaria, uma jovem trans de 22 anos, foi espancada por um grupo de jovens num pub em Catania. O ataque foi tão violento que a jovem teve traumatismos cranianos e toráxicos e uma vértebra fracturada. Foi a própria que denunciou o caso à imprensa, destacando que ninguém veio em seu socorro, tendo o dono do bar inclusivé a expulsado do pub.

A 22 de Fevereiro uma mulher trans trabalhadora sexual é vítima de uma brutal agressão em Imola, por parte de um tunisino de 25 anos. Depois do “serviço”, o homem atirou-lhe um spray, roubou-a e espancou-a. Encontra-se detido.

Na mesma altura, em Génova foi julgado um homem acusado de espancar uma mulher trans em Abril de 2010 com uma barra de ferro. Por meio de acordo judicial teve uma pena de 18 meses de prisão, pena suspensa, obviamente.

Na noite de 27 para 28 de Fevereiro William Semiao Cock, uma mulher trans de 31 anos, imigrante brasileira, é encontrada assassinada com dois tiros dentro de um carro, sem roupa, numa zona de prostituição em Novara, na Lombardia. Dois homens foram detidos pelas autoridades por suspeita do crime.

A Itália não tomou nenhuma medida para combater a discriminação que sofrem as pessoas trans em matérias como a educação, o emprego ou a assistência na saúde e a transfobia não é considerada crime no seu código penal. De acordo com o concelho da Europa, a Itália e a Turquia são os países europeus onde mais mortes de pessoas trans ocorrem. Apesar da maioria dos crimes cometidos contra a população trans demonstrarem uma raiva e barbárie inusitadas, estes caem no meio da indiferença geral das autoridades. De destacar que os dados da Comissão Europeia só contabilizam casos denunciados. A maioria dos casos, especialmente se não resultarem em mortes ou lesões graves, não são denunciados nem noticiados.

A imprensa destaca-se na maior parte das vezes, pela falta de respeito e de humanidade para as vítimas de transfobia. O uso do masculino ao referirem-se a mulheres trans e mesmo o uso de termos ofensivos são comuns.

As recentes declarações da nova ministra do trabalho e protecção social, Elsa Formero, que afirmou em mais de uma ocasião o seu compromisso com “os homossexuais e transexuais” e que “a diversidade é um valor a defender” não conseguem esconder os factos.

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