Em conjunto com Buenos Aires, Barcelona, Londres, Montreal e Sidney, esta bela cidade brasileira é finalista do concurso para "melhor destino gay do planeta" lançado pelo canal da MTV "Logo" e cujo resultado será anunciado em Novembro, durante o Congresso Mundial de Turismo.
Para o sector empresarial do turismo, alcançar o título de "Tripout Gay 2009" representará uma poderosa arma para anular os efeitos negativos das lutas policiais contra os narcotraficantes, assaltos e tiroteios nas favelas que tanto medo impõem aos turistas e habitantes.
Na sua luta, o Rio optou por atrair grandes eventos desportivos: foi sede dos Jogos Panamericanos 2007, será um dos centros do Mundial de Futebol de 2014 e mantém as esperanças de vir a organizar os Jogos Olímpicos de 2016.
Tanto as autoridades como os empresários locais têm consciência da necessidade de atrair um "público cativo", sendo que o turismo gay, em constante expansão, se aperfilhe como escolha natural.
Paulo Senise, da entidade Río Convention & Visitors Bureau afirma que o Rio de Janeiro tem todas as características para ser reconhecido como uma cidade "gayfriendly".
A campanha conta com o apoio tanbém do Riotur, um organismo carioca de turismo, que lembra que a população do Río "convive em harmonía, independentemente da raça, religião ou orientação sexual".
No entanto, segundo uma notícia de O DIA ONLINE, LGBTTI são caçados nas favelas pelos narcotraficantes e pelas milícias. Segundo reza, a violência afecta pelo menos um LGBTTI por dia, sendo que no Brasil inteiro morre um a cada 2 dias.
Moradores de favelas da cidade do Rio e da Baixada Fluminense, gays, lésbicas, travestis e transexuais vêm sendo caçados por narcotraficantes e milicianos nas comunidades onde moram. Espancados e humilhados em público, muitos acabam assassinados. Outros, com um pouco mais de sorte, são apenas expulsos das favelas após sessões de tortura.
Uma pesquisa feita pelo Grupo Gay da Bahia uma referência na luta contra a homofobia e a transfobia no Brasil desde 1980 revela que o número de assassinatos de LGBTTI cresceu 55% no País entre 2007 e 2008, quando foram identificados 190 casos, uma média de mais de um a cada dois dias, doze deles no Rio, sendo a maioria composta por transexuais e travestis.
Nascida e criada na comunidade, a travesti Marcela Soares, de 40 anos, revela que já perdeu muitas amigas torturadas e assassinadas só por serem quem são. Isso já está se tornando comum nas favelas. E a gente não pode fazer nada senão morre também, lamenta Marcela, que admite sofrer com o preconceito. A gente se sente humilhada, afinal também somos humanos como os heterossexuais e exigimos respeito, desabafa Marcela, que é formada em Moda.
A violência contra os homossexuais não é, no entanto, privilégio das favelas dominadas pelo tráfico. Nas áreas controladas com mão de ferro pela milícia, o preconceito e a intolerância também mostram a sua força. Em Nova Iguaçu, por exemplo, a caça aos LGBTTI pode chegar a extremos. Morador da Vila de Cava, no subúrbio da cidade, o professor Carlos (nome fictício), de 26 anos, foi vítima de vizinhos que incendiaram a sua casa. Segundo ele, o atentado, nos finais de 2007, foi motivado pela rejeição ao facto de ser gay.
Próximo dali, em Mesquita, também na Baixada Fluminense, é igualmente comum encontrar vítimas da homofobia. Lésbica, a comerciante Jucyara Albuquerque, de 44 anos, é mais uma vítima que sofreu com o preconceito. Homossexual assumida desde os 16 anos, Jucyara afirma que tem um longo histórico de agressões.
Com tudo isto, não se vislumbra de que maneira o Rio de Janeiro conseguirá o tão almejado troféu, sendo que, ainda segundo o referido diário, o Brasil, com um LGBTTI assassinado a cada dois dias, passou a ser considerado o País mais homofóbico do mundo, seguido pelo México, com 35 casos no ano passado, e os Estados Unidos, com 25.