É este o ambiente da Jornada Ecuménica das Igrejas, que ontem foi inaugurada na capital alemã, onde decorre até domingo. E que este ano, pela primeira vez, é organizada em conjunto por católicos e protestantes. Não falta a pitada de polémica inter-confessional neste encontro. Com a publicação da encíclica sobre a eucaristia, na Páscoa, o Papa veio dizer que não deve haver confusão com a comunhão: os católicos devem comungar nas missas católicas e não na santa ceia protestante. Na Alemanha, o texto de João Paulo II foi visto como dirigido especificamente para a realidade da Igreja Católica naquele país: habituados há muito a conviver em conjunto, católicos e protestantes entendem que a separação deve ser superada também ao nível do sacramento da missa. A maioria dos teólogos (católicos e protestantes), alguns padres e bispos e muitos outros cristãos pensam que a eucaristia também deve ser um factor de construção da comunhão. Esse fenómeno, chamado inter-comunhão na gíria religiosa, "acontece diariamente de facto, embora 'de jure' seja um tema tabu", explica ao PÚBLICO Joaquim Nunes, português, assistente pastoral [espécie de funcionário superior, que colabora com o pároco] numa paróquia de Frankfurt. Para contrariar essa orientação da hierarquia, e em paralelo, 500 padres católicos e 500 pastores protestantes juntar-se-ão numa outra celebração, em que está prevista a inter-comunhão - com os participantes a poderem comungar sem distinção. O mesmo acontecerá em duas paróquias de Berlim - uma católica, outra protestante - que se convidaram mutuamente para celebrações em que a inter-comunhão acontecerá.
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