Segundo relata o jornal El País, o caso registou-se na cidade Alcacerquivir no dia 19 de Novembro. E teria ficado no âmbito privado, se não ganhasse uma dimensão de escândalo entre a sociedade marroquina, depois de ter entrado no popular sítio da Internet. No vídeo, os participantes são vistos a dançar e um dos noivos surge de grinalda.
A divulgação das imagens indignou a comunidade da cidade, com centenas de fieis islâmicos a saírem às ruas em protesto, após a oração de sexta-feira, contra o que foi considerado um «vil ataque aos valores do Islão e da nação».
Inicialmente, os protestos não passaram na televisão nacional. As autoridades marroquinas, que nos últimos anos têm enveredado por uma posição mais permissiva, também não deram grande importância ao caso.
Mas o escândalo instalou-se e chegou a Rabat, com Mustafá Ramid, líder do grupo parlamentar do Partido da Justiça e Desenvolvimento - uma formação política de carácter islamita moderado - a classificar a festa realizada em Alcacerquivir como uma «forma de terrorismo». O director do jornal Al Massae, Rachid Niny (o colunista mais lido no país) também não hesitou na condenação. «Os verdadeiros extremistas são aqueles que exageram na modernidade e que celebram em público o seu descarrilamento moral».
A pressão pública acabou por surtir efeitos junto das autoridades. Na segunda-feira, foi anunciada a abertura de uma investigação sobre a celebração realizada a 19 de Novembro. Seis pessoas foram detidas e acusadas.
No comunicado emitido pelo ministério público marroquino, lê-se que participaram nos festejos «pervertidos sexuais» e a homossexualidade foi equiparada à delinquência, ao referir-se que o organizador do evento tinha antecedentes criminais, já que se tratará de um contrabandista de álcool de Ceuta.
Há três anos foram detidas 45 pessoas, em Tetuán, por terem participado numa festa de aniversário gay.