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Terça-feira, 28 Novembro 2006 18:55

PORTUGAL
Gisberta inspira peça de teatro



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O homicídio da transsexual Gisberta, em Fevereiro passado, é o tema da peça «Auto do Branco de Neve e os seus Machões», que está a ser preparada pelo Teatro Viriato, de Viseu.


A peça, baseada num texto do poeta e romancista Armando Silva Carvalho, insere-se no projecto de teatro para jovens desenvolvido na 2ª edição do PANOS (Palcos Novos Palavras Novas), da Culturgest, e que em Viseu será orientado pelo encenador britânico Graeme Pulleyn.

O Teatro Viriato anunciou hoje que procura jovens entre os 14 e 20 anos que queiram entrar na peça, cuja preparação começará ainda este ano. As inscrições terminam a 15 de Dezembro.

Gisberta Salce Júnior, transsexual brasileira, foi mortalmente agredida por um grupo de adolescentes há cerca de nove meses, no Porto.

Na peça - diz o Teatro Viriato - aquele crime «mistura-se com a fantasia da «Branca de Neve e os Sete Anões» levando cada um a questionar-se sobre a sua influência no desenrolar da acção».

A estreia no Teatro Viriato está marcada para 5 de Abril de 2007 e se a peça for uma das seis escolhidas entre os 25 participantes desta edição do PANOS, subirá também ao palco da Culturgest, entre 25 e 27 de Maio.

«Se o teatro é um caldeirão, onde se misturam ingredientes misteriosos, fantásticos, às vezes horrorosos, à procura de uma poção mágica que nos transporta, que nos alimenta e que nos faz delirar, «O Auto do Branco de Neve e os seus Machões» tem tudo que é preciso para se preparar um grande feitiço», considera Graeme Pulleyn.

Na peça em que os jovens de Viseu vão trabalhar, junta-se a fantasia de «Branca de Neve e os Sete Anões» com a realidade da morte de Gisberta e também «a eloquente poesia contemporânea de Armando Silva Carvalho» com «o teatro medieval do Gil Vicente».

«O autor do texto parte do assassinato da transsexual Gisberta por um grupo de rapazes menores e transfigura-o, recorrendo a personagens e situações da história infantil de Branca de Neve», explica o Teatro Viriato.

«O resultado é uma verdadeira farsa-trágica, que nos faz chorar e rir, que nos choca e que nos toca, uma explosiva mistela perigosa e encantadora», explica Graema Pulleyn.

Em «Auto do Branco de Neve e os seus Machões» é contada a vida de Gino/Ginette em três actos: «A Sala dos Espelhos», «O Baile» e «A Floresta».

A acção atravessa momentos como a definição do género do/a protagonista e o estar na discoteca, até ao «encontro com o grupo de adolescentes (que reagem com um misto de curiosidade e violência)», culminando com um final didáctico, em que o público «terá de ser responsável pela morte ou pela vida».

Graeme Pulleyn foi um dos fundadores do Teatro Regional da Serra do Montemuro, em Campo Benfeito (Castro Daire), onde trabalhou durante 12 anos como actor, encenador e director artístico. Em 2004, abandonou a companhia para seguir projectos pessoais e voltar a trabalhar com jovens actores.

Na primeira edição do PANOS, no ano lectivo 2005/2006, o Teatro Viriato apresentou a peça Cidadania, de Mark Ravenhill, igualmente encenada por Graeme Pulleyn.

Inspirado no projecto Shell Connections do National Theatre de Londres, o PANOS - Palcos Novos Palavras Novas pretende aliar o teatro escolar/juvenil às novas dramaturgias.

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