"Será que a Igreja tem a última palavra nos mistérios da vida política, social, familiar e sexual?", questiona a carta, divulgada no domingo pelo jornal La Presse. "Nestas questões, a doutrina oficial da Igreja já se mostrou errada mais de uma vez no passado."
A Igreja Católica de Québec reconheceu que há tensões entre os fiéis sobre as uniões homossexuais, mas tentou minimizar a questão. "Não é um terremoto", disse o bispo Louis Dicaire, encarregado pela Igreja de responder às queixas dos padres. Ele disse que a carta não mudará a posição oficial do catolicismo.
Até o começo da década de 60, a Igreja Católica tinha uma influência inegualável no Québec, que desde então se perdeu. Embora os católicos sejam 83 por cento da população da província, a maior proporção em todo o Canadá, poucos vão regularmente à Igreja.
O bispo Dicaire disse à Reuters na segunda-feira, por telefone, que não há nada de novo na carta, pois já estava claro que alguns católicos discordam dos bispos. Ele lembrou que há mais de 2.500 padres no Québec, e afirmou que ficará surpreso se houver punição aos 19 dissidentes.
"Eles estão exercitando seu direito à manifestação pública, embora possa se questionar se é a melhor forma de apresentar o debate. Não acho que possamos falar em crise."