São estes alguns dos contéudos que podem ser lidos em cartazes espalhados nas ruas de Lisboa, Porto e Aveiro, naquela que é mais uma campanha de propaganda do Partido Nacional Renovador (PNR). As colagens, realizadas em zonas de intenso movimento, começaram a ser feitas no início do mês. Desta vez, o PNR escolheu dois cartazes distintos: um, ostenta somente o símbolo do partido, sobre um fundo a vermelho, e a frase "Defender os portugueses com o Partido Nacional Renovador"; o outro, mais explícito, opta por uma iconografia diferente (vê-se o desenho de um homem corpulento empunhando a bandeira nacional na dianteira de uma marcha de pessoas e bandeiras) e projecta a mensagem "Portugal envelhece e morre! Crescimento demográfico zero, aborto, droga, uniões 'gay' imigração: dentro de 50 anos já não existiremos. A Família é uma prioridade nacional! Marchemos contra o sistema da destruição nacional!" A ofensiva propagandística do PNR, refundado em 1999 a partir do antigo Partido Renovador Democrático (a alteração do nome, da sigla e do símbolo foi deferida pelo Tribunal Constitucional em Abril de 2000), acontece cerca de um mês antes do II Congresso Nacionalista Português, agendado para 15 e 16 de Novembro, em Lisboa, e titulado "Sobre a Terra e sobre o Mar". Os organizadores do encontro, membros do movimento Aliança Nacional, decidiram, porém, apostar na demarcação partidária, apelando aos participantes para "evitar em absoluto a ostentação de símbolos partidários ou de grupos ideológicos". Contudo, a distância entre o PNR e a iniciativa da Aliança Nacional não é transparente: apesar de o partido não fazer qualquer alusão ao evento na sua página oficial (
www.partidonacional.org), um dos elementos da sua Comissão Directiva, António da Cruz Rodrigues, é o maior dinamizador do congresso. Basta, para tal, visitar o blogue criado por este dirigente do PNR (
www.nacionalismo-de-futuro.blogspot.com). O cariz xenófobo da campanha de rua do PNR é ainda mais vincado no "site" oficial do partido. Para além de um completo arquivo de notícias recolhidas na imprensa ("Imigrantes africanos serão em breve a maioria com SIDA em Portugal" e "Brasileira trazia droga para Lisboa" são alguns dos títulos retirados dos jornais), podem ainda ser lidos manifestos para distribuição com as seguintes mensagens: "A imigração não é uma oportunidade para Portugal - é um suicídio! Um suicídio identitário, cultural, económico e político (...) Não podemos tolerar na nossa terra a presença de milhares de imigrantes vindo de África, da América do Sul e do Leste europeu (...) A imigração em massa é a modificação profunda da nossa sociedade: de uma população europeia, unida e pacífica, passámos a um mosaico de grupos étnicos, responsáveis no território português pelo incremento dos conflitos sociais, religiosos e políticos. (...) A imigração é o espectáculo degradante e insuportável que nos é imposto todos os dias nas ruas das nossas maiores vilas e cidades". [...] Com "links" de acesso interdito a não militantes, o "site" do PNR apresenta ainda um conjunto de "Ideias para construir o futuro", todas elas rematadas com a frase "Connosco, Portugal será soberano". Nesta série, revelam-se discordâncias sobre o direito de asilo ("será exclusivamente concedido a quem demonstrar que se enquadra nesse regime") e é reivindicada a extinção do "álibi do reagrupamento familiar". [...]