Trata-se da ante-estreia do último filme de Vicente Alves do Ó, realizador e argumentista de créditos firmados no novo cinema português – “Golpe de Sol”.
Eu sou suspeito no meu entusiasmo pois gostei muito do filme e em muitos aspectos; é um filme não para intelectuais, mas para o chamado “grande público”, sem deixar de ser um filme muito válido; é um filme baseado num argumento muito bem escrito pelo realizador, que nele põe as angústias afectivas de um homem nos “quarentas”, ou seja ele próprio; é um filme tecnicamente perfeito que ele, realizador, enriqueceu numa montagem que surpreendeu os próprios actores.
Em suma, um filme envolvente, em que quatro amigos se encontram na casa de um deles na costa alentejana, e que têm como ponto comum, todos terem tido um relacionamento afectivo com uma personagem, David, que se faz anunciar, mas que no decorrer do filme não chega a aparecer.
O que é verdadeiramente importante é assistir ao estado de espírito de cada um e de todos ao terem conhecimento da sua visita.
Todos eles têm razões de queixa dele, todos eles continuam a pensar nele e até a pensarem, cada um se será ele o objectivo da visita.
Mas também ao longo dessa crispação ansiosa, todos eles se definem e mostram os seus medos e as suas frustrações.
O segredo que Vicente do Ó usou, foi ter criado na montagem do filme em voz off, a participação do próprio David.
O filme é quanto a mim a confirmação do talento de um realizador mas também de um elenco muito bom e homogéneo, que soube criar um ambiente familiar nos oito dias que durou a filmagem – Oceana Basílio, Ricardo Pereira, Nuno Pardal e Ricardo Barbosa são excelentes e souberam assimilar na perfeição os personagens delineados pelo realizador.
Apraz-me referir que a lotação esgotou e que o debate no final da exibição com o realizador, três dos intérpretes e a produtora foi muito bom e esclarecedor.
Atenção quando o filme aparecer nas salas – é de visão obrigatória.
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