O cenário é a rua de Santa Catarina, no Porto, onde o movimento Panteras Rosa - Frente de Combate à LesBiGay Transfobia, organizou, ontem ao final do dia, a intervenção "Gisberta: Morrer Invisível". Uma forma de assinalar um ano desde que foi encontrado o corpo da transexual brasileira, "Gis", três dias depois de continuadas agressões por um grupo de jovens da Oficina de São José - que acabaram por lançá-la a um poço onde morreu afogada.
A transexual não foi esquecida e ontem voltou para dizer: "Meu nome era Gisberta. Fui torturada, violada, assassinada. Para a Justiça eu morri afogada e a culpa foi da água." Fernando Mariano explicou ao DN que a intenção foi relembrar a Gisberta mais mediática, mas também "todas as Gisbertas do País. A discriminação parte de uns que praticam a violência, mas também daqueles que a ignoram. Que pensam: 'isto está a acontecer e não nos faz diferença'".
As Panteras Rosa relembram ainda a "sentença judicial ignóbil" que responsabilizou os jovens em causa por agressão "mas que os iliba de assassinato e tortura, sustentando que a vítima morreu por causa da água que a afogou". Um ano depois, a protecção legal de "pessoas como Gisberta continua inexistente e as condições de marginalização de grande parte da população transexual continuam intocadas, porque os decisores políticos e o Estado continuam a fugir às suas responsabilidades", diz ainda o movimento.
Memorial para Gisberta
Esta intervenção marcou o arranque de uma série de iniciativas que pretendem não deixar esquecer o caso de "Gis". Entre elas, o lançamento de uma petição dirigida à Câmara do Porto, para a criação de um memorial num local da cidade.