Um estudo divulgado este mês nos EUA revela que a idolatria dos corpos trabalhados e a ausência de rugas trás a muitos homossexuais idosos a sensação de "invisibilidade": acham que tem menos valor porque já não são jovens, sentem-se uma minoria excluída dentro da mesma minoria a que pertencem.

O estudo revelado na Social Science & Medicine conclui que estas pessoas atravessaram mudanças históricas inigualáveis durante a sua vida, abriram caminho para os jovens de hoje viverem numa época de menos discriminação, e agora esses idosos sentem-se desprezados e desvalorizados na reta “final” das suas vidas.

O estudo é liderado por Richard G. Wight que entre 2012 e 2013 acompanhou 312 homens homossexuais com idade média de 61 anos. Foi-lhes pedido que avaliassem o quanto aplicavam no seu dia-a-dia expressões como “envelhecer é especialmente difícil para mim porque sou gay”, ou ainda o sentimento de o quanto invisíveis se sentem quando no meio da sua comunidade LGBT.

A conclusão foi que estas pessoas sofrem daquilo que chamaram DEGI – Discriminação Etária Gay Internalizada. Conclui-se que os homossexuais da terceira idade sofrem da sobreposição de dois preconceitos: contra gays e contra idosos.

O estudo ressalva que estes elementos de estudo referem-se a indivíduos urbanos, e uma avaliação fora das grandes cidades poderá ter resultados diferentes.

Os estudiosos chamam ainda atenção para que os idosos que convivem com pessoas mais jovens partilhando experiências faz com que os mais velhos se sintam úteis e por menos colocados de lado, e os cientistas até tem um nome para isto: "mattering" (da verbo inglês "to matter", preocupar-se com).

Os responsáveis pelo estudo dizem que “cabe a nós, mais jovens, criar espaços para que os mais velhos se sintam queridos e respeitados e que se não for um ato de solidariedade que sejam com a visão de no nosso futuro esses espaços existam já para nós”