Entre os diversos filmes que hoje vi no Queer Lisboa 2019, este destaca-se nitidamente e segundo a minha opinião se perfila mesmo como um grande candidato a ganhar o prémio da melhor longa metragem, um belíssimo trabalho de Levan Akin, sueco de ascendência georgiana.
A Geórgia apesar de condenar a descriminação sexual, continua muito apegada aos valores ancestrais muito conservadores sendo um deles a dança tradicional do país.
É neste âmbito que decorre a acção do filme que nos conta o percurso de um jovem e promissor bailarino, brilhantemente defendido pelo actor Levan Gelbakhiani, que desde muito novo se treina na Companhia Nacional de Bailado do país, que vê um dia chegar um novo elemento, que por um lado lhe disputa o lugar, mas por outro com quem se envolve afectiva e sexualmente o que vai contra os princípios daquela Academia.
Devido a uma série de acontecimentos a vida do jovem leva uma volta grande e negativa, mas à qual ele responde, numa magnífica audição de dança, de uma forma ousada mas peremptória, desafiando com essa sua interpretação todas as convenções conservadoras da Academia.
É um filme admirável, com uma fotografia deslumbrante, e que foi realizado sob severas medidas de protecção.
Este filme repete a sua exibição na próxima terça feira, pelas 17:15, pelo que recomendo sem reservas a quem não viu que vá ver.
Além deste filme, vi mais três filmes: o filme brasileiro “Ilha”, algo complexo como todos os filmes que recriam um filme “dentro” do filme, e também um curioso filme israelita, “My War Heroe Uncle”, que a partir de uma investigação familiar do realizador sobre a vida militar de um seu tio, falecido durante a Guerra dos 6 Dias, e que se baseia essencialmente escritas nessa altura por ele para a sua mãe, se vem a verificar que o então jovem militar se havia suicidado e também algo sobre a sua vida íntima. O curioso é que o investigador acaba por ocultar essa intimidade, revelando a sua, como que tomando nesse aspecto o papel do tio.
Finalmente, e dentro das habituais “Hard Nights”, um filme brasileiro com um título bem original – “Alfredo não gosta de despedidas”, tão original como decerto o próprio filme na esfera dos filmes porno masculinos, mas sem deslumbrar.
E para hoje, Domingo, ainda temos...
17:15 The Spark: the Origins of Pride de Benoît Mascoco / Longa-Metragem: 99 min. / Activismo, Direitos Humanos, Documentário, História, LGBT
22:00 Greta de Armando Praça / Longa-Metragem: 97 min. / Drama, Fetichismo, Gay, Trans, Velhice