«20,13 Purgatório» é o segundo filme da trilogia dedicada à Guerra Colonial iniciada por Joaquim Leitão, em 1999, com «Inferno». O título é uma referência bíblica ao livro «Levítico», que, como desvendará o capelão, será a chave do mistério de quem matou o prisioneiro trazido do mato pelas tropas portuguesas. Para concretizar este projecto, com um orçamento de 1,3 milhões de euros, o produtor, Tino Navarro, optou por montar os cenários, de interior e exterior, no Campo de Tiro de Alcochete.
No campo de tiro foi construída a parada de um quartel assim como os interiores das diversas instalações militares, nomeadamente o posto de rádio, a messe de oficiais, a cantina e as casernas.
O filme estreia hoje em trinta salas de cinema. «20,13» conta com o desempenho de 27 actores e centenas de figurantes. Marco DAlmeida, Adriano Carvalho, Carla Chambel, Maya Booth, Ivo Canelas e Angélico Vieira são os protagonistas do filme.
Assassinato
A acção do novo projecto do realizador português passa-se no norte de Moçambique, no 24 de Dezembro de 1969. Uma patrulha percorre a picada, de regresso ao aquartelamento, com um prisioneiro. Percebe-se que os homens estão cansados, que avançam sob um calor sufocante, mas apesar disso, aceleram o passo. E não é só por causa do perigo que estão ansiosos por voltar ao quartel, é também porque não é um dia qualquer, uma vez que se trata da véspera de Natal. Para esquecer a vida que levam e a guerra os militares preparam uma farra, para iludir a tristeza de estar longe da família e como é normal contam com a trégua tácita, normalmente respeitada no Dia de Natal. Mas, desta vez, o dia não vai ser tranquilo e os primeiros sinais de tensão têm pouco a ver com a guerra.
Os militares estão perante conflitos pessoais, que começam com a chegada de um helicóptero, onde, além do capelão que vem celebrar a missa de Natal, vem também a esposa do capitão. Ela é uma mulher atraente, com uma personalidade forte, e com uma relação muito complicada com o marido. E a quem o alferes não consegue ficar indiferente. Mas todos fazem um esforço para manter as aparências, para não estragar a noite de Natal. Contudo, este sacrifício é em vão, porque a noite transforma-se num pesadelo pouco depois da festa começar.
O prisioneiro é encontrado morto na sua cela e não se sabe porquê ou quem o assassinou. Depois, subitamente, a escuridão é rompida por uma sucessão de explosões. Em vez da esperada trégua, o quartel é alvo de um ataque violento e prolongado. Durante a noite, a violência da guerra cruza-se com a violência das paixões e a coragem para desafiar a morte. Perante este cenário dantesco alguns segredos não vão resistir ao nascer do dia.
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