Faz já dezasseis anos que Gisberta Salce Júnior foi violentamente assassinada, e dez que um grupo de cidadãos de diferentes orientações politicas, sexuais, identidades e género, propuseram à comissão de toponímia, e a Câmara Municipal do Porto a identificação de uma rua com o nome da vitima deste feroz crime.
Durante estes dez anos os sucessivos pedidos, intervenções, e outras demandas encontraram quer na Comissão de Toponímia (CT) quer na CMP um muro de lamentações, uma espécie de jogo do empurra e alegadas liberdades institucionais, até agora.
A votação sobre edificar uma rua com o nome de Gisberta Salce Júnior (vitima de transfobia) não aconteceu apenas agora outras vezes foi votada e em todas perdeu a corrida para entrar numa lista onde consta por exemplo um nome ligado ao processo da revolução de Abril, José Mário Branco está na lista, como se esta lista fosse a lista de espera para uma cirurgia, mas sem direito a cheque saúde para recorrer ao privado, mais que não seja porque esta lista não tem datas, e assim quer um símbolo da revolução portuguesa quer uma vitima de tão brutal crime vão eventualmente a ganhar mofo na lista, a de espera, e á espera que lhes seja reconhecido respeito e memoria.
Mas não podemos olhar para este passo o de o nome da Rua Gisberta Salce Júnior, ter passado por um voto na CT, devemos sim olhar para esta vitória como isso mesmo, uma vitória da sociedade civil, (dizia-nos ao telefone fonte da Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto), que reforçava o sentido desta vitoria, realçando que quando a sociedade civil se organiza as coisas acontecem, e prova disso mesmo é que o nome de Gisberta esta um passo mais à frente do que estava antes desta votação.
A comunidade LGBTI+ do Porto, mas acreditamos do país, está de parabéns, e obviamente com motivos para festejar, sem deixar de reivindicar, esta singela vitória, enquanto aguarda pela concretização da desejada rua.