É uma opinião não baseada no meu gosto pessoal, mas sim nas características objectivas do filme e que vão de encontro ao que os júris dos últimos anos têm privilegiado; não premiando filmes com uma história consistente, com princípio, meio e fim, mas sim filmes que trazem mensagens de um mundo diferente, digamos filmes "não clássicos".
É isso mesmo que tem "Azougue Nazaré", um filme realizado por Tiago Melo, passado bem no interior rural do estado de Pernambuco e onde as tradições culturais estão muito enraizadas na população, relegando inclusive as religiões tradicionais para um segundo plano.
Não é um filme com cabeça, tronco e membros, mas sim pedaços de uma tradicional manifestação da cultura popular brasileira que surge da mistura de danças e religiões de matriz africana trazida pelos povos escravizados no Brasil.
As redes sociais curiosamente facilitam a comunicação, desmistificando o dia a dia dos maracatuzeiros, revelando as emoções e os desejos por detrás das máscaras.
A personagem mais marcante é Catita Daiana, um imponente negro travestido de mulher e que na realidade é Tião, que domina todo o filme, numa excelente interpretação do actor Valmir do Côco.
Devo dizer que a título pessoal considero "Sauvage" um filme muito melhor, mas isso é apenas a minha opinião e bem gostaria que fosse compartilhada pelo júri, o que duvido.
Antes vi o terceiro programa de "Curtas" é tenho que confessar que ainda não vi uma curta que me "enchesse as medidas".
Assim aconteceu hoje com as cinco apresentadas, das quais não gostei francamente de duas - "It", da Rússia e "Would you look at her", da Macedónia.
Com algum interesse, "Inconfissões", da brasileira Ana Galizia, "Os Motivos de Reinaldo", do português Ricardo Vieira, e principalmente "The Transfiguration", do búlgaro Stephan Ganoff.