Galotti, que falava durante o último dia do IV Congresso Internacional Sexo, Arte e Terapia, lamentou que os media tendam a falar de sexo "como se de uma fórmula matemática" se tratasse, omitindo as diferenças. Para a jornalista, é óbvio que Espanha tem um conceito de sexo bem mais amplo do que Portugal. "Em Espanha, embora a sexualidade não seja totalmente aberta, já há bairros homossexuais, [mais] sex-shops e a mentalidade, vê-se, é mais livre", disse ao PÚBLICO. Foi sempre neste tom, sem preconceitos, que se falou de sexo durante dois dias no Seminário de Vilar, no Porto. Falou-se e mostrou-se sexo na tela, para uma audiência larga e variada. Falaram pessoas ligadas à prostituição e a filmes pornográficos, falaram médicos, magistrados e até um padre, um seropositivo e um recluso discorreram sobre o conceito. Ontem, a actriz pornográfica e socióloga da especialidade, a norte-americana Annie Sprinkle, não se limitou a falar e exibiu um documentário sobre e com sexo. "Sou uma prostituta multimédia porque quero fazer propaganda e com isto passar a mensagem para o mundo", explicou. A escritora francesa Valerie Tasso, que trocou um cargo de alta executiva em empresas multinacionais pela prostituição e escreveu o Diário de Uma Ninfomaníaca, explicou que pretende acabar com "estigmas acerca das mulheres - ou serem esposas ou serem putas". E Sandra, transsexual espanhola que participou em vários filmes de Pedro Almodovar, descreveu o "sofrimento" por que passou, mas destacou a "felicidade" que se seguiu à operação de mudança de sexo.
O congresso foi uma iniciativa do Espaço T, que trabalha em áreas como a reinserção social das prostitutas. Este ano o sexo foi o tema escolhido. "É preciso falar de sexo para não criar marginalização sexual", justificou João Oliveira, responsável pela associação.