Um quinto dos pacientes com hepatite C crónica foram considerados curados após um tratamento associando dois medicamentos, a ribavirina e o peginterferão (interferão peguilado). Os resultados preliminares de um estudo internacional divulgados ontem em Paris mostram que 21% dos doentes em recaída ou que até aí não respondiam aos tratamentos recuperaram completamente graças à terapia combinada com doses reforçadas, revelou Thierry Poynard, coordenador do projecto e médico no hospital Pitié-Salpétrière, na capital francesa. O estudo, intitulado Epic, foi apresentado durante o 40.° Congresso da Associação Europeia para o Estudo do Fígado, que decorreu entre 14 a 17 de Abril. Por enquanto, os resultados são provisórios, pois os testes foram feitos em apenas 978 dos 2000 pacientes previstos. No entanto, as conclusões são positivas. Seis meses depois do final de um tratamento de 48 semanas, o vírus já não era detectado no sangue. Os resultados foram melhores nos doentes com o genótipo do vírus 2 ou 3 (56% de sucesso) que os que têm o genótipo 1, que é responsável pelo tipo de hepatite C mais difícil de tratar (apenas 14% de êxito). Os doentes que foram tratados antes e tiveram uma recaída respondem melhor à terapêutica que os que não mostraram reacções aos medicamentos. Os cientistas vão agora testar um novo tratamento para tentar evitar a progressão do vírus, com doses mais baixas de peginterferão. Este estudo dirige-se apenas às pessoas que falharam os restantes tratamentos e nele colaboram 140 centros de todo o mundo. A Academia Francesa de Medicina calcula que a terapia combinada permite erradicar o vírus em 85% dos casos com pacientes com genótipos 2 e 3 e até 50% daqueles que têm o genótipo 1. Ao todo, 180 milhões de pessoas têm este vírus. Em Portugal, estima-se que existam entre 100 mil e 150 mil portadores crónicos do vírus da Hepatite C. Em França e na Europa do Norte, a taxa de contaminação é de 1%, Itália e Espanha pode ir de 2 a 4%.