Susane Rocha analisou 63 menores, com idades compreendidas entre os 11 e os 17 anos, residentes em cinco centros de acolhimento de três cidades do interior do Brasil. Para ter uma fonte de comparação, estudou outros 63 miúdos que moravam com a família. Associou-os em pares da mesma idade, sexo e escolaridade. O cruzamento de dados revelou diferenças abissais entre os dois grupos. Quase 50 por cento dos menores institucionalizados sofriam algum tipo de transtorno psiquiátrico. Entre as crianças e adolescentes que moravam com a família essa taxa não ultrapassava os 14,3 por cento. O distúrbio mais frequente, em ambos os casos, era a depressão: 28,6 por cento do primeiro grupo e 8 por cento do segundo. [...] Susane Rocha associa a institucionalização à maior probabilidade de apresentar problemas de foro psiquiátrico. "Não se pode culpar a instituição ou o facto de a criança estar nela como causa dos problemas psiquiátricos. São crianças com história de vida difícil, marcada por adversidades, maus tratos e abandono", explicou a psiquiatra ao "Jornal da Paulista". O que lhe parece líquido é que os meninos internados e as instituições que os acolhem "merecem atenção especial dos profissionais de saúde e da população em geral, para minimizar o sofrimento".
Pode também ter interesse em: