Durante a manifestação, que ocorreu de forma pacífica, foi comemorado também o décimo aniversário da morte de Alfredo Ormando, um escritor homossexual que se queimou vivo em São Pedro como forma de protesto.
Os representantes da associação Arcigay, com seu fundador Franco Grillini, distribuíram textos de cartas inéditas escritas por Ormando, nas quais explicava que seu gesto era um protesto contra a homofobia da Igreja católica.
Há dez anos, Ormando, 39 anos, jogou gasolina no próprio corpo e se ateou fogo com um incinerador no Vaticano, morrendo nove dias depois em decorrência das queimaduras.
"A Igreja é a principal agência ideológica que alimenta a homofobia e representa a principal fonte de sofrimento para a comunidade de gays, lésbicas e transexuais italianos", explicou Grillini.
Desse ponto de vista, "Alfredo Ormando é nosso Jan Palach, um combatente pela liberdade, um herói que decidiu se sacrificar por essa causa", disse.
Grillini enfatizou que a manifestação de hoje "é um protesto contra a ingerência eclesiástica no momento em que a Itália debate o tema dos casais do mesmo sexo".
"As intervenções papais são quase cotidianas, já se tratam de uma obsessão: não passa um dia que o Papa ou o presidente da Confederação episcopal italiana ou qualquer prelado não intervenha sobre esse argumento", observou.
Segundo os representantes da associação, a "Igreja tem o direito de dizer o que quer", mas "o Parlamento e o governo devem ignorar as opiniões das religiões nesse tema, porque as religiões não têm o direito de ditar a agenda política de um país soberano".
"Na Itália, a maior parte da opinião pública reconhece a necessidade e a urgência de uma lei desse tipo, por isso é justo que o Parlamento discuta com liberdade, sem pressões vaticanas, e decida de forma autônoma", enfatizou.
"Antes ou depois, a Igreja se dará conta de que, assim como em outros temas, como por exemplos as Cruzadas, as mulheres. A escravidão e as guerras apoiadas pelo Vaticano, está cometendo-se um enorme erro e pedirá perdão também aos homossexuais pelos sofrimentos que inflige a eles", concluiu.
O protesto foi marcado pela presença de bandeiras coloridas com os escritos "Pacs (pacto civil de solidariedade)" e "Menos Vaticano, mais autodeterminação"