A carta é dirigida ao CEO da Facebook, Mark Zuckerberg e assinada por mais de 50 organizações na área dos direitos das pessoas LGBT+ e na saúde pública e prevenção do VIH/SIDA demonstrando a sua preocupação com anúncios publicados nas redes sociais do Facebook e do Instagram.
Os anúncios são dirigidos especificamente a pessoas LGBT+ e sugerem problemas de saúde por utilização do Truvada (da farmacêutica Gilead) como Profilaxia Pré-Exposição. Segundo a carta são vários os escritórios de advogados que estão à procura de homens gays e bissexuais que usam o Truvada como PrEP para se associarem a um processo legal, alegando que o medicamento causou efeitos colaterais prejudiciais nessa população, especificamente densidade óssea e problemas renais. Na realidade são conhecidos esses efeitos secundários no caso de Truvada no tratamento de pessoas VIH+, mas os estudos disponíveis sobre a sua utilização em PrEP (que só é possível a pessoas VIH negativo), indicam que tal situação não é verdade nesse tipo de utilização.
As associações denunciam resultado destas campanhas com informação incorrecta: várias pessoas em situação de risco específico vêm agora apresentar o seu medo profundo sobre iniciarem uma profilaxia PrEP aos profissionais de saúde precisamente por terem visto essa publicidade no Facebook e Instagram.
Esta questão vai além da desinformação, pois coloca a vida de pessoas reais em perigo iminente. Carta aberta ao Facebook
A carta refere que o CDC nos EUA relata que, quando administrada diariamente, a PrEP é altamente eficaz ("reduz o risco de contrair o VIH em aproximadamente 99%") para prevenir a transmissão do VIH através de via sexual, da mesma forma a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que “as pessoas com risco substancial de infecção pelo HIV devam receber a PrEP como uma opção adicional de prevenção, como parte de uma prevenção abrangente.”
Por outro lado recordam que Mark Zuckerberg, numa audiência no congresso dos EUA em 23 de outubro, declarou explicitamente: “Se alguém, incluindo um político, está dizendo coisas [.. .] que [promovem] violência, ou podem levar a um risco de dano físico iminente [...] removeremos esse conteúdo "
Os signatários da carta acusam que ao permitir estes anúncios nas plataformas Facebook e o Instagram o resultado é levar indivíduos em risco a evitarem a PrEP, levando invariavelmente a infecções por VIH evitáveis, prejudicando a saúde pública.
A situação foi reportada atempadamente ao Facebook e foi pedida uma ação da empresa tendo em conta a política de publicidade do Facebook que afirma: "O Facebook proíbe anúncios que incluem reivindicações refutadas por verificadores de fatos terceiros ou, em certas circunstâncias, reivindicações refutadas por organizações com conhecimento específico". As entidades que subscrevem a carta relembram que são as organizações com "conhecimentos específicos" e exigem a remoção imediata destes anúncios que estão prejudicando a saúde pública.