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Segunda-feira, 9 Maio 2005 00:59

BRASIL
promover a abstinência é ineficaz contra a SIDA



PortugalGay.pt

Não existe nenhuma evidência de que promover a abstinência ou a fidelidade seja eficaz contra o VIH/SIDA, afirmou um profissional de saúde brasileiro num encontro da Comissão para a População e Desenvolvimento das Nações Unidas, na quarta-feira. “Com base em experiências internacionais, não existe, hoje em dia, nenhuma evidência de que recomendações morais, como a abstinência e fidelidade, tenham qualquer impacto que possa prevenir a infecção e diminuir a epidemia”, afirmou o Dr. Paulo Teixeira, coordenador sénior do programa para a SIDA de S. Paulo.


A maior parte dos programas internacionais para a SIDA da administração Bush baseiam-se no esquema “AFP”, que significa “Abstinência, sê Fiel, e utiliza Preservativos”. Contudo, num estudo recente no Uganda verificou-se que a componente abstinência, no programa “AFP” do país, não poderia explicar a diminuição da incidência de SIDA, levando os investigadores a sugerir que tal facto se deveu à utilização de preservativos.

“Sabemos que a promoção de um sexo mais seguro envolve sérios assuntos culturais, étnicos, e religiosos, mas não podemos permitir que se tornem uma barreira à prevenção”, afirmou Teixeira, cujo país natal, o Brasil, tem um dos programas contra a SIDA mais eficazes do mundo em desenvolvimento. “Os nossos governos e instituições devem enfrentar decisivamente estas dificuldades se querem ter sucesso no controlo da epidemia”, adicionou.

O enviado dos EUA, Sichan Siy, disse que os programas globais para a SIDA de Washington têm como objectivo apoiar as estratégias individuais dos próprios governos. “Baseamos as nossas estratégias de prevenção eficazes naquilo que funciona para a cultura e circunstâncias de cada lugar, com os indivíduos e grupos que são os nossos alvos”, afirmou Siy.

No encontro, em sessões de negociações à porta fechada, os Estados Unidos propuseram inserir linguagem anti-aborto nas resoluções iniciais sobre SIDA e desenvolvimento. De acordo com os activistas do planeamento familiar, a linguagem – apoiada pelo Egipto, Qatar, Nicarágua e Costa Rica – tem por intenção influenciar as decisões nacionais sobre os fundos para o planeamento familiar. A comissão das Nações Unidas irá analisar as resoluções na sexta-feira, afirmaram os diplomatas.

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