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Entrevista e fotos de Isidro Sousa

Ao longo dos últimos três anos, a Kris foi o rosto visível do Centro Comunitário Gay e Lésbico de Lisboa. Dinâmica, competentíssima e uma presença sempre amiga, fez aquele espaço vibrar de emoções várias. Saiu de lá desiludida... com os homens e com as mulheres. Quisemos ouvir a sua experiência.

Em 2001, abraçaste o projecto de dinamizar o Centro Comunitário Gay e Lésbico de Lisboa. Quais foram as motivações?

Foi um pouco por acaso. A Associação ILGA Portugal procurava alguém para a exploração do Centro Comunitário pois o centro não funcionava havia uma série de meses, seis ou sete, já não me lembro bem. Um amigo tentou convencer-me. No início fiquei bastante renitente, mas após ter ido a uma primeira reunião com membros da associação e ter visto o espaço em si, fiquei mais interessada. Achei que se podia fazer qualquer coisa dali. Claro que, nessa altura, não sabia dos montes de problemas existentes: instalações eléctricas deficientes e perigosas devido às infiltrações de água da chuva e não só, falta de extintores de incêndio, falta de aquecimento, o que no Inverno era quase insuportável. Chove lá dentro que é um disparate...

Desde então, foste o rosto visível do Centro Comunitário, desdobrando te em inúmeras tarefas: gerindo o bar, organizando festas e promovendo tantos outros eventos de âmbito Iúdico cultural (exposições, debates, etc). Como viveste essa experiência?

De uma forma intensa, como tudo o que faço na vida.

De certa forma, vieste reanimar o Centro Comunitário, que se encontrava numa fase um tanto inerte...

Sim. Vim pelo menos, abrir as portas a quem procurava o Centro e o encontrava aberto com um horário abrangente, das 15h00 às 24h00 de segunda a sábado. Claro que havia muitas noites em que saía de lá já madrugada, às três e quatro da manhã outras vezes, em certos, eventos, na manhã do dia seguintes. As pessoas bebiam e vonversavam, riam muito, algumas vezes também havia quem chorasse... ia-se ficando. Conheci muito tipo de gente, quero dizer gente variada, de diferentes crenças, calsses sociais, temperamentos, modos de vida, sei lá. Acho que só o estar de porta aberta reanimou o Centro, apesar de muitos gays (eles e elas) passaram à prota, espreitarem e terem receio de entrar ou, quando isso aconteceia, não cconseguiam sequer passar para o centro da sala, ficando-se pelos folhetos da entrada. A dinamização, no entanto, era absolutamente necessária para que se pudesse ir lá todos os dias abrir o Centro. O retorno monetário era praticamente nenhum, pois a quantidade de horas investidas era imensa. Eram necessários eventos variados que atraíssem mais pessoas em menos tempo, de modo a compensar os outros dias. Doutra forma, torna-se em absoluto incomportável. Assim, recorri a experiência adquirida anteriormente noutras áreas e apliquei-a ali. Durante dois anos, não passou um mês em que não houvesse um qualquer tipo de evento.

Além disso, fazias atendimento personalizado a quem ali se dirigia pela primeira vez, ou em busca de apoio para solucionar problemas de ordem psicológica, homofóbica ou mesmo familiar...

Sim. Essa é uma das partes mais pesadas. Aparece gente muitas vezes em más condições psicológicas, muitas vezes. É preciso alguém com tempo disponível pois, por vezes, as conversas duram horas. Sim, eu fiz bastante trabalho desse tipo na Associação, consegui ajudar algumas pessoas. Essa é a parte mais gratificante. Claro que outras coisas ficaram para trás...

O Centro Comunitário, sob a tua gerência, também foi ponto de encontro, convívio, desabafo, para tanta gente desamparada, ao ponto de se criarem amizades e laços de solidariedade...

É verdade. Passámos por muita coisa (utentes do Centro e eu com eles). Fiz amigos que contínuo a ver, ou a ligar. Foi uma das coisas, aliás, que mais me preocupou aquando da minha saída. Havia pessoas que tinham feito do Centro o seu cantinho, o seu ponto de encontro por assim dizer. Transexuais, gays em geral (aqui também incluo mulheres) de várias etnias e classes sociais. Por vezes, formavam-se grupos de conversa muito engraçados e bastante curiosos, dada a heterogeneidade das pessoas que os compunham. Outras vezes, pessoas conheciam-se e apaixonavam-se, algumas continuam juntas, outras não.



Houve quem se queixasse, várias vezes, de seres uma pessoa distante, fria, arrogante mesmo. Até de discriminação (racismo) te acusaram. Porém, mais tarde, após travarem um contacto mais próximo contigo, viriam a render-se aos teus encantos...

As pessoas avaliam geralmente as coisas pela aparência, e raramente o que parece é. As pessoas têm de perceber que eu estava ali a trabalhar, parece-me estranho como muitos não compreendem isso. Eu sei que, para muitos, o Centro é apenas um lugar de diversão, de lazer. Para mim, o Centro era um local de trabalho onde investi dinheiro e muitas horas de dedicação. No início da minha estada não existia essa distanciação mas, infelizmente, rapidamente percebi que era em absoluto necessária. Se não mantiveres a distância, tentam logo devorar-te dos muitos modos possíveis. As experiências que lá passei mostraram Isso claramente. Tive alguns choques iniciais com pessoas de quem hoje sou amiga; com outras, exactamente o contrário. Muitas vezes, na primeira vez que lá vão, estão receosos alguns, provocadores outros. Também há os que vão dispostos a tudo e que, geralmente, se acham o máximo - vão prontos a arrasar.. Mas, sim, fiz ali amigos que mantenho e com quem contacto.

Enquanto rosto visível do Centro Comunitário, sofreste algum tipo de discriminação, ou perseguição, por motivos homofóbicos?

Por exemplo: no início, mantive as portas do Centro sempre abertas. Claro que isso me trouxe inúmeros problemas. Toxicodependentes, ladrões, tipos apenas podres de bêbados e que vinham só para provocar, enfim, de tudo um pouco. Várias vezes me tentaram agredir e a quem lá estava também. Entrava todo o tipo de gente, como é óbvio. Ai, tive de começara ter as portas fechadas, tentando seleccionar mais as pessoas. Claro que nas festas as portas estavam sempre abertas e aí era impossível controlar isso. Perseguições também: havia uma fulana que ligava com frequência, nalguns dias, várias vezes gemendo. Quando via que, do outro lado, não tinha a resposta que queria, ia, progressivamente, mudando a táctica até que chegou a deixar, no voice mail, mensagens com ataques pessoais. No Restaurante Os Unidos, onde costumávamos jantar por vezes, juntava-se um grupo grandito, umas oito a dez pessoas... acho que, na primeira vez, éramos oito, todos muito diferentes... Mal nos sentámos, os tipos na mesa atrás de mim começaram a insultar os transexuais presentes e a coisa ficou feia; ia havendo pancadaria. Tive que faIar com um dos responsáveis e só após não lhe dar qualquer alternativa sem ser a de pôr os clientes na ordem sob ameaça de chamar a polícia, é que o tipo se mexeu. No mesmo restaurante aconteceram várias cenas deploráveis.

A cena do racismo foi com um travesti. Como sabes, há distribuição de preservativos na Associação e muitos travestis que se prostituem vão lá buscar. São gente pura e dura e não é nada fácil conseguir uma empatia inicial. Na maioria das vezes, querem mais preservativos do que se pode dar e usam de tudo para tentar levar mais. Neste caso, o facto de ser o nosso primeiro encontro, e de não levar a melhor, deixou-a furiosa e acusou-me de não gostar de travestis e de ser racista. Quem me conhece e ler isto vai rir-se, de certeza.

O que te levou à demissão, três anos depois?

Não lhe chamaria demissão. Também não pensei sequer nisso, mas... talvez chamar lhe exaustão... sim, é mais isso. Na prática, fazia milhentas tarefas que nada tinham a ver com o bar: Atendia todos os problemas relacionados com a Associação, desde vistorias de bombeiros, passando por ir buscar cartas ao correio, resolver problemas de electricidade (até instalações eléctricas fiz!), atendia utentes, marcava consultas do atendimento psicológico, atendia queixas da vizinhança em relação a barulho e outros comportamentos lesivos que certos utentes tinham, tratava da arrumação e da higiene do Centro, pedia fundos para novos equipamentos, etc. Felizmente, durante os primeiros dois anos, tive a ajuda de vários voluntários que, com a sua boa vontade e dispondo generosamente do seu tempo, ajudavam no que era necessário. Infelizmente, desde o Pride do ano passado, começaram a afastar-se mais da Associação. Talvez seja melhor perguntar-lhes porquê.

Também cheguei a um ponto em que ao fazer o balanço do que ali se passava e cada vez se passavam menos coisas... grupos ligados à Associação que se desmembravam, e pura e simplesmente acabavam: grupos de auto ajuda, grupo jovem... Cheguei à conclusão de que estava numa cruzada solitária em que tinha de fazer todos os esforços, sem qualquer feedback por parte da Associação. Tinha deixado em standby uma série de outras actividades, e concluí que... para nada! Ainda por cima, o clima que se vivia era tenso e cheio de inuendo, e pouca transparência. Fartei-me.

Quer isso dizer que o balanço das tuas actividades não se saldou positivo?

Não penso isso e não é isso que as pessoas me dizem, pelo contrário. Tenho sido procurada por muitas pessoas que me propõem formar uma lista. Não estou interessada. Recebi, inclusive, parabéns de variadíssimas pessoas pela minha saída. Fiquei surpreendida e não perguntei porquê. Acho que as poucas actividades associativas é que não se saldam positivo.

O teu contrato, após o seu termo, foi estendido até ao fim de Julho. Porém, saíste um mês antes, logo após o Arraial Pride. Porquê? Estavas magoada?

Não é bem assim. O meu contrato acabou em Junho e não tinha a mínima intenção de o renovar Aliás, desde há um ano que andava a pensar nisso, mas ia fazendo coisas e lá fui ficando com grande sacrifício da minha vida privada. De qualquer modo, em reunião com a direcção, perguntei se queriam ou não que fizesse o Pride (evento que seria após o fim do contrato) e que aguentasse o Centro até às férias, ou seja, finais de Julho. Responderam-me que sim. Eu cumpri e fiz o Pride, com trabalho e com investimento financeiro. No entanto, a Associação organiza um bar paralelo, do qual só tive conhecimento no próprio dia do Pride. Como o meu investimento financeiro tinha sido baseado nas experiências anteriores em que os artistas, a produção e as pessoas da Associação consumiriam ali e, ainda por cima, este Pride foi o mais fraco de todos, houve prejuízo. Fiquei bastante desiludida com a postura, ou a falta dela, revelada pela Associação. Acho que foi a forma que tiveram de me agradecer todo o trabalho que fiz para a dinamização do Centro, trabalho esse, aliás, devidamente anunciado e documentado em várias publicações, incluindo a Agenda Cultural do Câmara Municipal de Lisboa. As atitudes, no entanto, ficam com quem as tem. Fico feliz por não ter sido eu a tê-las. Claro que, depois de tanta má fé, não ficaria ali nem mais um dia. Já tinha gasto com aquelas pessoas todo o tempo possível. Saí... não magoada, mas aliviada e contente por não perder mais tempo. Fui, inclusive, festejar a minha libertação com um grupo de amigos, fui beber uns copos ao Bairro Alto. Finalmente, podia voltara ter uma vida normal. Ter tempo meu, poder jantar com os amigos com quem nunca podia estar, etc, etc.

Significa isso que te sentias isolada, tal como afirmaste no último Arraial Pride? Aliás, ultimamente notava-se que te encontravas um tanto sozinha a gerir o Centro, na ausência dos membros da Associação. Sentias falta de apoio? A direcção da ILGA Portugal não te apoiava?

A direcção actual não, e não deixa de ser irónico pois eu fui uma das pessoas que mais apoiou a sua eleição. Falei, aliás, nisso várias vezes com a direcção em reuniões que tive, e ao longo de mais de um ano. Nunca vi nada feito no sentido de resolver isso. Já se sabe que, em tempo de eleições, as promessas são sempre muitas e depois... népia. Uma das coisas que diziam no altura das eleições era que a lista era composta por pessoas que tinham tempo para dedicar à Associação. Diziam até que cada um dos membros da direcção ficaria com um dia do semana para estar presente e ajudar na resolução dos problemas que iam aparecendo. Pura demagogia. Apenas dois ou três membros cumpriram, dentro das suas possibilidades e só no inicio. A partir de uma certa altura, só apareciam praticamente para reunir. Numa das reuniões, cheguei mesmo a ouvir um membro da direcção dizer-me: "Trata dos artistas e não te metas em política". Isto a propósito da tentativa de organização da festa de aniversário da KORPUS [em 2003], que não chegou a existir, pois, como sabes, não gostaram do que publicaste no ano passado em relação ao Pride [editorial da KORPUS nº20] e até tiraram a publicidade à revista que existia no bar. Como se chama isto?



Também se passavam semanas inteiras sem se ver, naquela Associação, um membro da sua direcção. Na tua perspectiva, como classificas esse procedimento? 0 que se encontra errado na Associação?

Não classifico coisa nenhuma, sei apenas que era isso que se passava. Desinteresse? Deixa andar? Não sei. Acho que terás que lhes perguntar Quanto ao que se encontra errado, posso dizer-te que a Associação está completamente afastada das necessidades dos associados e dos utentes do Centro Comunitário. Todos os problemas que me apareceram e que resolvi, fui eu que me mexi e, felizmente, pude contar com pessoas de outras associações que ajudaram. A Associação nunca teve resposta para os problemas apresentados pelas pessoas que a ela se dirigiam em busca de ajuda: espancamentos, agressão por porte de pais, perseguições...

Após ser fundada, a ILGA Portugal teve uma grande visibilidade durante os primeiros cinco anos. Desde a demissão do seu presidente fundador, tem vindo, de ano para ano, a remeter-se ao silêncio, sem actividades e intervenções visíveis, distanciando-se cada vez mais da comunidade e dos objectivos inicialmente propostos. Aliás, no meio ouvem-se comentários desfavoráveis sobre a mesma. Diria que a comunidade tem vindo a perder credibilidade naquela que foi a maior, e mais visível, associação GLBT portuguesa. A que se deve tal descrédito? Quais as razões de tal insucesso? Acho que se tu tiveres um problema e quiseres ajuda, vais, como muitos, à lista telefónica. És homossexual e vês o numero da ILGA Portugal. Enches-te de coragem, respiras fundo e ligas. Se toca, toca e o que atende é um voice mail, imagino como te sentirias... Fartei-me de receber chamadas de pessoas que diziam ter enviado e-mails, ter deixado mensagens, etc, e que não obtinham resposta. Não sei porque é que isso acontece, mas sei que acontece. Quando isso se vai repetindo ao longo de um tempo, que queres que as pessoas pensem?

Quando hoje se fala na ILGA Portugal, a única coisa que as pessoas referem é que esta organiza o Arraial Pride, o seu evento mais visível, e nada mais. O que lhe falta fazer para recuperar a credibilidade e o esplendor de outrora? Que conselhos?

0 Arraial Pride é, sem dúvida, o evento mais visível. No entanto, de ano para ano tem piorado imenso em todos os aspectos, desde a organização à produção do mesmo. Basta ver o que aconteceu no úItimo, em que a electricidade faltava constantemente, arruinando qualquer tentativa de trabalho. Ainda vieram junto dos participantes pedir para desligarem as máquinas: microondas, placas eléctricas, etc. Achas normal?!... Quando uma série de casas são restaurantes ou bares que servem comida!... Ao bar que estava ao meu lado e que tinha frigorífico, pois quase todas as suas bebidas são à base de gelo, pediram para desligar o frigorifico. Falei com o funcionário da Câmara Municipal encarregue de supervisionar a electricidade e ele informou-me que o problema era que, aquando do pedido à Câmara, apenas tinha sido mencionado que cada duas tendas só precisavam de carga para as máquinas de imperial e para uma arca frigorifica!!!... E o écran gigante que nunca chegou a existir? Não pôde ser montado devido ao vento e ao perigo de caírem cima das pessoas. Não havia material para escorar o écran. De ano para ano, cada vez menos gente vai ao Arraial Pride. Não é só a minha opinião; é partilhada por muitos dos participantes e até dos visitantes. Pudera! O show é cada vez mais fraco. Nem sequer existem setas para indicar o percurso. Que conselhos posso eu dar a pessoas cuja actividade principal anunciada é "sentad@s no sofá a ver televisão"?

Dada a tua experiência, como classificas actualmente a comunidade gay portuguesa? E a lésbica, em particular?

É um reflexo do resto do País, que todos sabem o que é. Portanto, não classifico. A comunidade é composta por gente de todo o género, de todas as cores e de todas as classes sociais. Gosta mais de uma boa festa que da política, e parece que o importante não é ser e sim parecer. Quanto à comunidade lésbica, é bastante mais militante. Pelo facto de também serem discriminadas enquanto mulheres, suponho. Muitas vezes, parecem-me bastante rígidas no seu posicionamento. Não acredito num mundo só de mulheres ou só de homens. Também não acredito na repressão. Não... Não me identifico com pessoas que discriminam outras. Passam a vida a queixar se que são discriminados mas, por vezes, têm essa atitude para com outros. Obviamente que há felizes excepções, e que aqui generalizo.

Tens sido muito crítica em relação aos membros da comunidade, particularmente mulheres. Podes explicar porquê?

Provavelmente, porque desenvolvi uma faceta defensiva necessária ao trabalho no Centro. Tento manter uma certa distância. Também não me seduzem os comportamentos masculinos muitas vezes adoptados. Como é óbvio, há lésbicas que são mulheres excelentes, algumas até excepcionais, mas isso é como tudo. Em todos os grupos existem pessoas excelentes, e outras nem por isso. Pena que a maioria seja mais para o nem por isso. Não me interpretes mal, mas constatei, em muitos dos contactos que tive no Centro, que muitas delas são até provocadoras, e mesmo mal educadas, mas penso que é o reflexo do País. A má educação é até capaz de ser apenas uma forma de esconder outras coisas. Uma vez que sou mulher, não me parece descabido criticar o meu próprio sexo. Ficarias surpreendido com o número de mulheres que observei a cuspir para o chão do Centro.

Contrariando um pouco a ideia de que as lésbicas se refugiam demasiado entre si, formando guetos cerrados, tu, pelo contrário, sempre te rodeaste maioritariamente de companhias (gays) masculinas Um facto curioso...

Não tem nada de curioso. Fui criada num meio masculino e sinto-me muito à vontade no meio dos homens. E sim, concordo contigo nessa coisa dos guetos. No caso dos homens homossexuais, é realmente muito mais divertido estar com eles do que com elas.

Muitas mulheres rejeitam o termo "gay", masculinizando-o; preferem "lésbica", que terá tido origem em Safo de Lesbos. Outras há que rejeitam o "lésbica", preferindo o "homossexual". Tu preferes o "gay"...

Porque gay também quer dizer de coração leve; alegre, divertido, feliz, em oposição a sad, que ligo muito mais às lésbicas sempre um pouco rígidas. Quanto à Safo de Lesbos, que me interessa uma figura que preparava sexualmente as outras meninas para satisfazerem os soldados gregos?

0 que falta à comunidade gay para se tornar uma comunidade mais credível (aos olhos da sociedade) e fruir plenamente dos seus direitos?

Falta principalmente seriedade na luta, estratégias coerentes e consistentes para lutar pelos direitos que lhe são devidos. Não é com festas e arraiais que se conquistam direitos, mas sim com estratégia e prática política, e muito, muito trabalho.

Além da experiência no Centro Comunitário, és uma mulher multifacetada. Movimentas-te como peixe dentro de água em variadíssimas áreas. Que outros projectos tens na manga?

Tenho realmente alguns: uma curta[-metragem] sobre o riso, o terminar de um livro de contos sobre vivências da noite e outras coisas que prefiro não falar aqui (algumas, tu conheces), pois não gosto de faIar nas coisas que ainda estão a começar, ou a ser preparadas.




Esta entrevista foi publicada no Nº23 da Revista Korpus
Transcrição autorizada para o site PortugalGay.PT por Isidro Sousa.



O PortugalGay.PT contactou a ILGA Portugal para comentar esta entrevista no dia 3 de Janeiro de 2005 e temos aqui a resposta respectiva.

 
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